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Concepção artística de Álfheimr, o lar dos elfos da luz

Os elfos são entidades da mitologia e folclore germânicos. Originalmente, foram imaginados como uma classe de divindades menores da natureza e da fertilidade, dotadas de poderes mágicos, com a aparência de homens e mulheres belos e jovens. Vivem em florestas, cavernas, lagos e fontes, de vida extremamente longa ou mesmo imortais.

São conhecidos, nas línguas germânicas, com os seguintes nomes:

  • Dinamarquês: Elver, elverfolk or alfer (hoje equivalente a fadas ou encantados em geral).
  • Holandês: elf, elfen, elven, alven.
  • Inglês: (antigo) ylf; (médio) albe; (moderno) elf, elves; (contemporâneo) elf, elfs (adjetivo: elfish ou elfin) quando se refere às pequenas entidades do folclore renascentista e romântico; elf, elven (adjetivo: elvish) para os elfos de dimensões humanas do paganismo germânico e de Tolkien.
  • Alemão: Elb (m) Elbe (f), Elben; Alb (m) "íncubos"; do inglês: Elf (m), Elfe (f), Elfen "fadas" ou "encantados".[1]
  • Islandês: álfar, álfafólk e huldufólk (povo oculto).
  • Nórdico antigo: álfar.
  • Sueco: alfer, alver ou älvor (forma feminina - hoje traduzida como fadas).
  • Norueguês: alv, alven, alver, alvene / alvefolket (alvefolket hoje é traduzido como povo dos elfos)

A palavra parece derivar de uma raiz proto-indo-européia *albh, "branco", da qual também deriva o latim albus e as palavras portuguesas alvo e albino.[2][3]

Elfos na mitologia nórdica[]

Em nórdico antigo, os elfos são chamados álfar (álfr, no nominativo singular) e imaginados como seres belos e poderosos, semelhantes a humanos. No início da Idade Média, o termo refere-se exclusivamente a seres masculinos; suas correspondentes femininas são as dísir (divas ou deusas menores), nornir (nornas), valkyrjur (valquírias) e mǫrur (pesadelos). Mais tarde (cerca de 1000-1250), passou-se a pensar nos elfos como tanto machos quanto fêmeas, estas últimas denominadas álfkona (mulheres-elfas).

Os elfos e sua beleza, vale notar, têm traços tradicionalmente considerados femininos: são descritos como "brancos" ou "brilhantes", como se dizia de mulheres belas, mas nunca de homens e usam seiðr, uma forma de magia associada a prever e moldar o destino e à fiação (atividade feminina) praticada por mulheres ou homens efeminados. Já os espíritos femininos têm traços considerados masculinos, como usar armas, guerrear e dominar ou oprimir homens. Esses seres mágicos espelham de forma invertida, por assim dizer, as normas da sociedade humana e ao mesmo tempo servem de modelo para seres humanos fora das normas, pois havia mulheres guerreiras reais e xamãs efeminados na sociedade nórdica.

Alguns homens famosos foram considerados elfos depois da morte, tais como o rei Olaf Geirstad-Elf. O herói ferreiro Völundr foi chamado "Governante dos Elfos" (vísi álfa) e "Rei dos Elfos" (álfa ljóði), no poema Völundarkviða, cuja introdução em prosa também o identifica como filho dos Finns ou fineses, povo ártico respeitado por sua magia xamânica.

Na Saga de Thidrek, uma rainha humana descobre que o amante que a engravidou é um elfo e não um homem e depois dá à luz o herói Högni.

O Heimskringla e a Saga de Thorstein, o Filho do Viking são relatos de uma linhagem de reis locais que governaram Álfheim, correspondente à atual província sueca de Bohuslän, cujos naturais desde então teriam sangue élfico e tinham a reputação de serem mais belos que a maioria dos humanos. O primeiro rei se chamou Alf (elfo) e o último, Gandalf (Elfo do Bastão).

Os elfos são também descritos como semideuses associados à fertilidade e ao culto dos ancestrais, como os daimones gregos. Como espíritos, os elfos podem atravessar portas e paredes como se fossem fantasmas, o que acontece nas Norna-Gests þáttr.

O mitógrafo e historiador islandês Snorri Sturluson referiu-se aos "elfos da escuridão" ou dökkálfar, aparentemente os mesmos "elfos negros" ou svartálfar de outros autores e aos "elfos da luz" ou ljósálfar, Dentre as narrativas de origem mais antiga, aquelas que mencionam os dvergar (anões) não mencionam os svartálfar ou dökkálfar e vice-versa e essas entidades têm atributos semelhantes, como a dedicação ao artesanato, o que sugere que anões e elfos negros ou elfos da escuridão são nomes diferentes para as mesmas entidades.

Snorri descreve assim a diferença entre os dois tipos de elfos:

Há um lugar [no céu] que é chamado o Lar dos Elfos (Álfheimr). Seus habitantes são chamados elfos da luz (Ljósálfar). Mas os elfos da escuridão (Dökkálfar) vivem sob a terra e são diferentes em aparência – totalmente diferentes, na verdade. Os elfos da luz parecem mais brilhantes que o sol, mas os elfos da escuridão são mais negros do que piche. (Snorri, Gylfaginning 17, Edda em Prosa)

Na poesia e nas sagas nórdicas, os elfos são somados aos æsir ou ases na frase muito comum "ases e elfos", que presumivelmente significa "todos os deuses". Entretanto, no Alvíssmál ("Os ditos do Conhecedor de Tudo"), os elfos são considerados diferentes tanto dos vanes quanto dos ases, como mostra uma série de nomes comparativos na qual são dadas as versões dos ases, dos vanes, dos elfos e dos gigantes para diferentes palavras, refletindo as preferências e pontos de vista de cada categoria de seres sobrenaturais. Por exemplo:

É chamado de himinn ('céu') entre os maðr (humanos),
mas hlýrnir (‘quente / suave’) entre os goð (deuses/ases);
os vanir (vanes) chamam de vindofni (‘tecelão do vento’),
os jõtnar (gigantes), de uppheim (‘mundo acima’),
os álfar (elfos), de fagraræfr (‘belo teto’),
os dvergar (anões) de drjúpan sal (‘salão gotejante’).

Nos poemas considerados mais antigos, não há distinção entre æsir e vanir e as divindades mais tarde classificadas entre estes últimos - Njörðr e seus filhos Freyr and Freyja - são contadas entre os ases. Numa etapa mais tardia do paganismo nórdico, os æsir parecem ter se restringido às divindades mais ligadas à guerra e à cultura, enquanto os vanir - termo sem correspondente em outras línguas e culturas germânicas, aparentemente cognato de Vênus, venusto, wish e outras palavras, são ligadas a amor, beleza, desejo e fertilidade e parecem reinar sobre os elfos da luz ou serem seus representantes mais importantes. É particularmente forte a conexão dos elfos com Freyr, tido como deus sol e da chuva e senhor de Álfheim, tanto por serem os elfos "brilhantes", quanto pela associação dessa divindade com fertilidade e prosperidade. Aparentemente, começou-se a pensar em grandes deuses da fertilidade (os vanes) e pequenos deuses (os elfos). Grímnismál relata que Frey (um dos Vanir) era o senhor de Álfheimr. Lokasenna diz que um grande grupo de ases e elfos reuniu-se na corte de Ægir para um banquete. Menciona vários poderes menores, servos dos deuses como Byggvir e Beyla, pertencentes a Frey, que eram provavelmente elfos, pois não são contados entre os deuses. Dois outros servos mencionados são Fimafeng (morto por Loki) e Eldir.

Um poema composto por volta de 1020, o Austrfaravísur ("Versos da Jornada para o Leste"), Sigvat Thordarson diz que, por ser cristão, recusou-se a entrar em um lar pagão, na Suécia, porque um álfablót ("sacrifício aos elfos") estava em curso. Provavelmente, tal sacrifício envolvia uma oferenda de alimentos. Da época do ano (próxima do Equinócio de Outono) e da associação dos elfos com fertilidade e ancestrais, pode-se supor que isso estava relacionado com o culto dos ancestrais e da força vital da família.

A Saga de Kormák relata como um sacrifício aos elfos podia curar um ferimento de guerra:

Þorvarð curou-se, mas lentamente; e quando pôde se levantar, foi ver Þorðís, e lhe perguntou o que era melhor para ajudá-lo a curar-se.
- Ali há uma colina - respondeu ela, - não longe daqui, onde os elfos têm seu reduto. Agora leva o touro que Kormák matou, avermelha o lado exterior da colina com seu sangue e faz uma festa para os elfos com sua carne. Então estarás curado.

Elfos entre os anglo-saxões[]

Os anglo-saxões que invadiram a Inglaterra a partir da retirada romana no século V trouxeram crenças e visão de mundo semelhante às dos nórdicos, mas que se combinaram em algum grau com a dos bretões nativos, cujos ellyllon (singular: ellyll), assim como os áes side irlandeses, têm características semelhantes às dos álfar nórdicos e dos ælfas (singular: ælf) anglo-saxões. Mais tarde, seriam influenciados também pela concepção latina e francesa de fae e faerie (equivalentes a "fada" e "encantaria" em português), resultando na confusão de fairy e elf no folclore e literatura inglesas da era moderna.

Assim como no mundo nórdico, ælf foi tratado no início da Idade Média (até o século VIII, pelo menos) como termo exclusivamente masculino, enquanto seres femininos recebiam outros nomes, como wælcyrge (cognato de "valquíria"), hægtessa ou tessa (que originou hag, "bruxa velha", em inglês moderno) espíritos femininos comparados às Fúrias ou Erínias que feriam os homens e animais com dardos invisíveis aparentemente forjados pelos elfos; e mære, espírito feminino que provocava pesadelos (nightmares em inglês moderno). Também como no mundo nórdico, atribuiu-se aos elfos uma beleza normalmente associada a mulheres e o termo ælfscyne ("elfshine", algo como "elficamente brilhante") era usado para descrever mulheres excepcionalmente belas e sedutoras que "enfeitiçam" os homens, inclusive figuras bíblicas como Sara e Judite.

Assim como os áes side, os elfos anglo-saxões foram associados aos montículos artificiais (mounds, chamados "mamoas" em Portugal) característicos das culturas megalíticas pré-históricas da Europa Ocidental às quais serviram como túmulos e foco de um culto aos antepassados de clãs e famílias importantes. Esses montículos ou mamoas foram considerados como moradas e palácios de elfos, assim como também foram frequentemente atribuídos aos elfos pontas de flechas e petroglifos deixados por culturas pré-históricas.

Os elfos anglo-saxões foram também frequentemente associados aos nomes de campos, bosques, colinas e vales, dando-lhes caráter de espíritos da natureza. Monges eruditos do século VIII, ao explicar as ninfas gregas em inglês antigo, chamaram-nas ælfenne (singular: ælfen), literalmente "elfas" e criaram pela primeira vez um feminino para "elfo", visto que as ninfas não se assemelhavam às temíveis e agressivas entidades espirituais femininas da tradição anglo-saxã, mas eram belas e sedutoras como os elfos. Assim, dríades foram explicadas como wuduelfen ("elfa dos bosques"), oréades como muntaelfen ("elfas da montanha"), náiades ("Naides", no original) como sæelfen ("elfas do mar") ou wæterelfen ("elfas d'água"), hamadríades como wylde elfen ("elfas selvagens"), melíades ("Moides", no original) como feldelfen ("elfas dos campos") e Castálides ou Musas como dūnelfen ("elfas das dunas/montes"). Jamais foram comparados com os elfos os deuses e daimones masculinos gregos da fertilidade, tais como Pan e os sátiros, de virilidade rude e animalesca.

Mais tarde, ælfen perdeu a conotação feminina e passou a ser usado como plural. Durante o século XI, provavelmente como reflexo de mudanças sociais e culturais na vida de homens e mulheres reais, elfos passaram a ser imaginados tanto como machos quanto como fêmeas. Layamon, poeta do século XII, referia-se à rainha Argante como "a mais bela das elfas" e em Os Contos de Cantuária de Chaucer (século XIV), é citada a "rainha dos elfos", mais tarde "rainha das fadas" (fairy queen ou queen of the fairies). Shakespeare inventou para ela o nome de Titânia, usado pela maioria dos poetas posteriores e lhe deu como marido o rei Oberon, cujo nome é a versão francesa do Alfrikr ou Alfrigg ("rei dos elfos") da tradição nórdica ou Alberich da germânica, anão que forja objetos mágicos e preciosos para heróis míticos.

Elfos no folclore escandinavo[]

Moelfica

Moinho élfico (älvkvarn), ou skålgrop

No folclore escandinavo moderno, praticamente só existem elfas, que vivem em colinas e montes de pedras. As älvor (sing. älva) suecas são moças belíssimas que vivem na floresta com um elfo-rei. Têm vida longa e são de natureza jovial. São representadas como louras, vestidas de branco e, como a maioria das entidades no folclore escandinavo, podem ser terríveis quando ofendidas. Nos contos, freqüentemente causam doenças. As mais comuns e menos perigosas são sarnas ou brotoejas chamadas älvablåst ("golpe élfico") e podem ser curadas por um forte contragolpe (um par de foles serve para isso). Os skålgropar, um tipo de petroglifo comum na Escandinávia, eram conhecidos como älvkvarnar ("moinhos élficos"), apontando para seu suposto uso. Pode-se apaziguar as elfas com uma oferenda (de preferência, manteiga) posta em um "moinho élfico" – um costume talvez derivado do álfablót dos antigos nórdicos.

Dancaelfica

Ängsälvor, "Elfas dos Prados", (1850), de Nils Blommér

Para se proteger de elfas malévolas, os escandinavos costumavam gravar a chamada "cruz élfica" (Alfkors, Älvkors ou Ellakors) em edifícios e objetos. Uma de suas formas era um pentagrama, ainda freqüente nas portas, paredes e utensílios da Suécia no início do século XX. A outra era uma cruz comum gravada em uma placa de prata redonda ou oblonga, usada como pingente de colar, que devia ser forjada durante três tardes com prata de nove fontes diferentes de prata herdada. Em alguns lugares também precisava ser posta no altar de uma igreja durante três domingos consecutivos.

As elfas podem ser vistas dançando nos prados, principalmente à noite ou em manhãs brumosas. Se um humano observar a dança das elfas por umas poucas horas, pode descobrir que se passaram muitos anos no mundo real. Elas deixam um círculo onde estiveram dançando, que é chamado älvdanser ("danças élficas") ou älvringar ("anéis élficos"), e acredita-se que urinar neles causa doenças venéreas. Pisá-los ou destruí-los também é perigoso. Geralmente, os anéis élficos são formados por pequenos cogumelos, ou são áreas circulares onde a grama foi achatada.

Elfos no folclore alemão[]

No épico medieval alemão Nibelungenlied ("A Canção dos Nibelungos"), um anão chamado Alberich tem um papel importante. Alberich significa literalmente "rei-elfo", o que contribui para a confusão de anões com elfos já observada nos Edda. Através do francês Alberon, o mesmo nome originou o inglês Oberon – rei dos elfos e das fadas (fairies) em Sonho de uma Noite de Verão de Shakespeare.

No folclore alemão posterior à cristianização, os elfos passaram a ser descritos como entidades travessas que causam doenças ao gado e a pessoas e trazem maus sonhos. A palavra alemã para "pesadelo", Albtraum, significa "sonho élfico". A forma arcaica Albdruck significa "peso (ou pressão) do elfo"; acreditava-se que os pesadelos eram o resultado de um elfo sentando-se sobre o tórax do sonhador. Esse aspecto da crença alemã nos elfos corresponde em boa parte à crença escandinava nos mara e às lendas cristãs sobre íncubos e súcubos.

Elfos no folclore inglês[]

A palavra elf do inglês moderno vem do inglês antigo ælf (pl. ælfe, com variantes como ylfe e ælfen). Originalmente, referia-se aos elfos da mitologia nórdica, mas também as ninfas dos mitos gregos e romanos foram traduzidas pelos monges anglo-saxões como ælf e suas variantes.

Elf-shot (ou elf-bolt ou elf-arrow, "flecha élfica") é uma palavra encontrada na Escócia e Norte da Inglaterra desde o século XVI, inicialmente com o sentido de "dor aguda causada por elfos", mas que depois passou a denotar pontas de flecha de pedra lascada, do neolítico, que no século XVII eram atribuídas pelos escoceses aos elfos e usadas em rituais de cura. Supostamente eram também usadas por bruxas (e, talvez, elfos) para causar mal a pessoas e gado. Tufos de cabelo embaraçado eram chamados elf-lock ("madeixa élfica") e supostamente causados por travessuras dos elfos. Paralisias repentinas eram às vezes atribuídas a golpes élficos.

A maioria dos elfos mencionados em baladas medievais inglesas são do sexo masculino e freqüentemente de caráter sinistro, inclinados ao estupro e assassinato, como o Elf-Knight ("Cavaleiro Elfo") que rapta a rainha Isabel. A única elfa mencionada com frequência é a Rainha dos Elfos, ou da Elfland.

Já nos contos populares do início da Idade Moderna, os elfos são descritos como entidades pequenas, esquivas e travessas, que aborrecem os humanos ou interferem em seus assuntos. Às vezes, são consideradas invisíveis. Nessa tradição, os elfos se tornaram sinônimos das "fadas" originadas da antiga mitologia céltica, como os Ellyll (plural Ellyllon) galeses.

Elvessnail

Elfos cavalgam caracóis, detalhe de Marcha Triunfal do Rei Elfo", de Robert Doyle

Mais tarde, a palavra elf, assim como o termo literário fairy, evoluiu para denotar, em geral, vários tipos de espíritos da natureza, como pwcca, hobgoblin, Robin Goodfellow, o brownie escocês e assim por diante. Esses termos não são mais claramente distinguíveis no folclore e passaram a ser equivalentes do igualmente genérico termo português encantados.

Uma lenda diz que se alguém espalhar folhas de escambroeiro ou espinheiro-cerval (Rhamnus cathartica, em inglês blackthorn, de frutos purgativos) em um círculo e dançar dentro dele sob a lua cheia, aparecerá um elfo. O dançarino deve ver o elfo e dizer, Halt and grant my boon! ("Pare e me dê a bênção!") antes que ele fuja. O elfo atenderá então a um desejo.

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Marcha Triunfal do Rei Elfo à Noite de Richard Doyle, 1870

William Shakespeare imaginou os elfos como pequeninos e aparentemente os considerou sinônimos de fairies. Em Sonho de uma Noite de Verão, seus elfos são quase tão pequenos quanto insetos.

Embora Edmund Spenser tenha aplicado o nome de elf a seres de tamanho humano em The Faerie Queene, a influência de Shakespeare e Michael Drayton transformou em norma o uso dos termos elf e fairy para seres muito pequenos. Na literatura vitoriana, costumam aparecer em ilustrações como pessoinhas com orelhas pontudas e gorros ou capuzes. Um exemplo é o conto de fadas Princesa Ninguém, de Andrew Lang (1884), ilustrado por Richard Doyle, no qual fairies são pessoinhas com asas de borboleta e elves são pequeninos com gorros vermelhos.

Elfos em Tolkien[]

Legolas

O elfo Legolas, em Senhor dos Anéis

A concepção de elfos na obra de Tolkien baseia-se nos elfos da mitologia nórdica, mas acrescenta-lhes elementos cristãos. Por um lado, os elfos se assemelham a anjos, pois foram divididos em "bons", livres do mal e "maus" (os orcs), feios e pervertidos como os "anjos caídos", "demônios" ou "diabos" da mitologia cristã. Por outro lado, os elfos parecem também representar uma humanidade imaginária que não cometeu o pecado original e manteve-se pura e imortal como o sugere o Gênesis que a espécie humana seria se Adão e Eva houvessem resistido à tentação do fruto proibido. Talvez por isso, a elfa Arwen precisou abrir mão da imortalidade para casar-se com o humano Aragorn.

Na mitologia tolkieniana, tanto humanos como elfos são Filhos de Ilúvatar, mas os elfos são "imortais", pelo menos enquanto Arda (o Mundo), existir. Não envelhecem nem adoecem e, se forem mortalmente feridos ou sofrerem um grande desgosto, reencarnam nas Mansões de Mandos, em Valinor. Também vêem e ouvem muito melhor que os homens e apercebem-se de muitas coisas que os homens não percebem.

Os primeiros elfos (chamados quendi em sua língua original, o quenya) teriam surgido em Cuiviénen, no extremo Oeste da Terra Média , longas Eras antes da ascensão do Sol ou da Lua, no tempo em que as Duas Árvores ainda brilhavam. Foram inicialmente vistos por Oromë, mas viram primeiro as estrelas e por isso reverenciam Varda Elentári, a "Senhora das Estrelas", acima de todos os outros Valar. Convidados pelos Valar a juntarem-se-lhes no Reino Abençoado, os elfos empreenderam um longa viagem desde Cuiviénen até à costa oeste da Terra Média. Dividem-se em várias raças.

Os elfos tolkienianos dividem-se em várias "raças":

Eldar: Também chamados de Calaquendi, ou Elfos-da-luz, incluem todos os elfos que partiram para Valinor.

  • Vanyar: Os maiores poetas dos elfos, são louros de olhos azuis e considerados os mais belos. Seu rei é Ingwë, o Rei Supremo dos Elfos. Aprenderam muito com Manwë e Varda.
  • Noldor: São os mais sábios e habilidosos, com cabelos negros e olhos cinzentos. Seu rei é Finwë, e aprenderam muito com Aulë.
  • Teleri: São grandes marinheiros e cantores. São morenos ou de olhos e cabelos prateados. Demoraram-se na viagem a Valinor e formam o povo mais numeroso dos elfos. Seus reis são Olwë e Elwë, este último conhecido por Thingol, que abandonou a viagem para ficar com Melian, a Maia. Aprenderam muito com Ossë.

Moriquendi: Elfos-da-escuridão. São chamados assim os elfos que não aceitaram o convite dos Valar e ficaram na Terra-média.

  • Avari: São os elfos que se recusaram a ir para Valinor.
  • Úmanyar: Nome dado aos elfos que partiram para Valinor, mas não chegaram. Estão incluídos na classe dos Moriquendi, mas não incluem os Avari.
    • Eglath: “O Povo Abandonado”. De origem Telerin, eles ficaram na Terra-média a procura de Elwë enquanto os outros iam a Valinor.
    • Sindar: Os “Elfos-cinzentos”. São todos os elfos Telerin que os Noldor encontraram em Beleriand à exceção dos Laiquendi.
    • Nandor: “Os que dão meia-volta”. Elfos de origem Telerin, que não quiseram atravessar as Montanhas Nevoentas.
      • Laiquendi: “Elfos-verdes”. Atravessaram as Montanhas Azuis e foram morar em Ossiriand.
      • Elfos Silvestres: Permaneceram no Vale do Anduin e na Grande Floresta Verde.


Elfos na Cultura Popular[]

Elfo

Elfo em Forgotten Realms

Na cultura popular os elfos se difundiram sobremaneira após o lançamento dos jogos de RPG explorando versões élficas plagiadas de Tolkien. Essa vulgarização empobreceu sobremaneira a força do mito élfico.

No universo criado para o RPG Forgotten Realms, os elfos são uma das maiores raças dos Reinos. Os elfos de Forgotten Realms têm a altura de um humano, embora sejam bem mais magros. Suas mãos e dedos são maiores e mais afilados. Seus ossos são leves, mas surpreendentemente resistentes. As faces dos elfos têm expressões delicadas e serenas destacando as orelhas pontudas.

Veja também[]

Duendes

Encantados

Fadas

Janas

Mouras encantadas

Sidhe

Referências[]

  1. O masculino Elb foi reconstruído a partir do plural por Jacob Grimm, Deutsches Wörterbuch, que rejeitou Elfe como um anglicismo recente (na década de 1830).
  2. Hall, Alaric Timothy Peter. 2004. The Meanings of Elf and Elves in Medieval England (Ph.D. University of Glasgow). pp. 56-57.
  3. IE root *albh-, in American Heritage Dictionary of the English Language 2000. [1]
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