Fantastipedia
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Caprimulgusrufus

joão-corta-pau, bacurau, ou maria-angu (Caprimulgus rufus)

Nyctidromus albicollis

Curiango comum (Nyctidromus albicollis), aquarela de Louis Agassiz Fuertes (1926)

Corucao

Corucão ou tiom-tiom (Podager nacunda)

Bullbat

Bacurau-de-bando ou common nighthawk (Chordeiles minor)

Caeur

Noitibó comum (Caprimulgus europaeus)

Bacurau (do tupi *waku'rawa) e curiango (do quimbundo kurianka, "preceder", porque a ave costuma voar na frente dos caminheiros) são nomes dados no Brasil, conforme a região, a várias espécies de aves da família Caprimulgidae. Em Portugal, aves da mesma família são conhecidas pelo nome de noitibó (do latim noctivolus, "que voa à noite").

Em inglês, aves dessas espécies são genericamente conhecidas como nightjars, pelo som desafinado ou dissonante (jarring), que faz o macho quando a fêmea está chocando ou ainda goatsuckers ("chupa-cabras", devido à lenda segundo a qual têm esse costume). Na América do Norte, as da subfamília Chordeilinae são conhecidas como nighthawks ("gaviões da noite").

Em francês, essas aves são chamadas engoulevents ("engole-vento"), porque voam de boca aberta para apanhar insetos. Em castelhano são chotacabras ("chupa-cabras"), gallinaciegas ("galinhas-cegas") ou atajacaminos (porque costumam esvoaçar nas trilhas, à frente dos caminhantes). Em alemão, são Nachtschwalben ("andorinhas da noite").

Bacuraus, curiangos ou noitibós[]

Em geral, as aves da família Caprimulgidae são aves noturnas, de asas longas e pernas curtas, que fazem o ninho perto do chão e se alimentam de insetos como traças e mosquitos. Estão distribuídas por praticamente todo o mundo, principalmente nas regiões quentes. A maioria das espécies de climas temperados são migratórias, mas uma delas (Phalaenoptilus nuttallii) hiberna durante o inverno.

São aves relativamente pouco conhecidas, devido aos seus hábitos noturnos. Costumam voar baixo, com o bico aberto, tentando apanhar insetos. Preferem viver perto de rebanhos, os quais garantem grande concentração de insetos. Não constroem ninhos, enterram os ovos sob palhas e folhas. Sua plumagem é acinzentada e seu canto é um grito penetrante, que a intervalos de tempo, é repetido durante horas pela noite.

Bacurau na lenda e no folclore[]

Europa[]

Na Europa, a espécie mais conhecida é o noitibó comum, Caprimulgus europaeus. O nome científico e latino, caprimulgus, significa literalmente "chupa-cabra", devido à crendice segundo a qual o Caprimulgus europaeus tem a habilidade de ordenhar cabras e servir-se habitualmente do leite. Vários nomes populares da ave em línguas modernas também refletem essa crença, como goatsucker em inglês e chotacabras em castelhano.

A lenda pode estar relacionada à boca grande dessas aves que, segundo a lenda, poderiam abri-la o suficiente para mamar dos úberes das vacas e cabras. Ou ao som produzido pela ave, considerado similar ao de uma cabra mamando. Em castelhano, a palavra choto ou chota é dada à cria da cabra enquanto mama. Trata-se de um termo onomatopéico do som que estes animais produzem ao mamar.

América do Norte[]

Uma espécie comum na América do Norte e Central é a Caprimulgus vociferus, chamada em inglês whip-poor-will or whippoorwill, nome onomatopéico. No conto The Dunwich Horror, H. P. Lovecraft cita uma lenda da Nova Inglaterra segundo a qual o whip-poor-will pode sentir quando uma alma está partindo e capturá-la enquanto voa.

Outra espécie similar, Caprimulgus carolinensis é chamada Chuck-will's-widow ou Chuckwuts-widow, nome também derivado de seu chamado, mais grave e lento que o do whip-poor-will.

Brasil[]

No Brasil, a crença européia de que o noitibó chupa leite das cabras é desconhecida. Por outro lado, Câmara Cascudo registra o uso do bacurau como amuleto. Pena de asa de bacurau cura dor de dente. Algumas penas, dispostas entre a manta e sela, fazem com que o cavalo não caia nem que salte rio cheio. O autor cita também o nome popular de mede-léguas, porque a ave passa a noite pelos caminhos, olhos acesos, contando as léguas numa medição gratuita e sem fim. Parece ter havido ainda uma lenda desaparecida da qual resta um provérbio: "é dizendo e bacurau escrevendo", para indicar a veracidade indiscutível de uma afirmativa. No Sul, chamam-no tabaco-bom, sebastião, tiom-tiom e corujão.

Segundo Eurico Santos, dizem os nortistas que a esposa do curiango xinga o marido de joão-corta-pau e ele dá-lhe por apelido maria-angu.

Nas noites, especialmente de luar, lá estão eles na sua altercação:
- João-corta-pau.
- Maria-angu.
- João-corta-pau.
- Maria-angu.

E assim vão eles, pela vida afora, sempre trocando doestos, mas sempre juntos, como certos bípedes implumes.

Ásia[]

As populações de montanheses do sul do Vietnã dão ao bacurau o nome de "pássaro ferreiro": seu grito é comparado ao choque do martelo com a bigorna. Essa ave é a padroeira dos ferreiros e forja os machados do trovão. A perícia na arte da forja se adquire sonhando com um bacurau.

Espécies brasileiras[]

Subfamília Caprimulginae:

  • Caprimulgus rufus: joão-corta-pau, bacurau, curiango, mariangu(BA), maria-angu (PE), maria-faz-angu (PA), tabaco-bom (PE). Da Costa Rica à Bolívia e Argentina e grande parte do Brasil. Chega a medir 28 cm de comprimento. Possui um corpo robusto e cauda alongada que, nos machos, apresenta duas nódoas branco-amareladas.
  • Caprimulgus sericocaudatus: bacurau-rabo-de-seda, curiango
  • Caprimulgus longirostris: bacurau-da-telha, bacurau-rupestre, pai-avô. Habita da região dos Andes até à Bolívia, Chile, Sul da Argentina e Sudeste do Brasil. Mede até 23 cm de comprimento, tem coloração escura, com larga faixa branca nas primárias, e manchas brancas nas retrizes externas e na orla da asa.
  • Caprimulgus cayennensis: bacurau-de-cauda-branca
  • Caprimulgus maculicaudus: bacurau-de-rabo-maculado, bacurau-de-cauda-pintada, bacurau-pituí. Do México à Bolívia, bem como todo o Brasil. Até 19,5 cm de comprimento, retrizes laterais com quatro ocelos, pontas brancas e asas sem manchas brancas.
  • Caprimulgus parvulus: bacurau-pequeno, bacurau-claro, bacurau-chintã. Habita da Venezuela à Bolívia, bem como a Argentina e o Brasil. Cerca de 20 cm de comprimento, coloração escura, garganta com manchas negras e brancas, asas com largas faixas brancas, e cauda com extremidade branca. As fêmeas, no entanto, são totalmente escuras.
  • Caprimulgus nigrescens: bacurau-de-lajeado, bacurau-negro. Espécie amazônica, até 19,5 cm de comprimento. Cor muito escura, manchas brancas nas partes laterais da garganta e na ponta da cauda. Fêmeas totalmente escuras
  • Caprimulgus whitelyi: bacurau-dos-tepuis
  • Caprimulgus hirundinaceus: bacurauzinho-da-caatinga, bacurau-da-caatinga, bacurau-pigmeu. Endêmica do Nordeste do Brasil. Cerca de 16,5 cm de comprimento, coloração parda clara, faixa branca na asa e na ponta das penas laterais da cauda.
  • Eleothreptus anomalus: curiango-do-banhado, curiango, curiango-asa-de-foice, curiangu
  • Eleothreptus candicans: bacurau-de-rabo-branco. Do Cerrado brasileiro, com registros nos estados de Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Espírito Santo.
  • Hydropsalis climacocerca: acurana, curiango-claro, acuraua
  • Hydropsalis torquata: bacurau-tesoura, curiango, curiango-tesoura
  • Nyctidromus albicollis: curiango, acurana, acurau, acuraua, amanhã-eu-vou, bacurau (PE), coriavo, curiango-comum, curiangu, curiavo, engole-vento (PE), joão-corta-pau, mari-angú, mede-léguas
  • Nyctiphrynus ocellatus: bacurau-ocelado, bacurau, cariaponga (PE), curiango
  • Macropsalis forcipata: bacurau-tesoura-gigante, bacurau-tesoura, curiango-de-cauda-longa, curiango-tesoura, curiango-tesourão, suindara

Subfamília Chordeilinae:

  • Chordeiles pusillus: bacurauzinho, bacurau-pequeno
  • Chordeiles rupestris: bacurau-da-praia, bacurau-branco, bacurau-de-bando
  • Chordeiles acutipennis: bacurau-de-asa-fina, bacurau, bacurau-de-bando
  • Chordeiles minor: bacurau-norte-americano, bacurau-americano, bacurau-de-bando, bacurau-migrador. É a espécie mais comum nos EUA, onde é chamado common nighthawk ou bullbat. Com cerca de 23 cm de comprimento, migra da América do Norte até a Argentina. Possui garganta e asas barradas de branco, e uma larga faixa dessa cor entre a base e a extremidade das asas.
  • Lurocalis semitorquatus: tuju, bacurau, curiango-coleira(RS)
  • Nyctiprogne leucopyga: bacurau-de-cauda-barrada, bacurau-barrado, bacurau-d’água
  • Nyctiprogne vielliardi: bacurau-do-São-Francisco
  • Podager nacunda: corucão, acurana, acuraua, bacurau, criangu, curaçao, sebastião, tabaco-bom, tiom-tiom

Espécies européias[]

Na Europa, a espécie mais comum é o noitibó comum ou noitibó cinzento (Caprimulgus europaeus), de 25 centímetros, cuja coloração parda e manchada de cinza lhe permite camuflar-se perfeitamente no terreno. De bico muito curto, pode abrir muito as fauces. Durante o dia permanece pousado nos ramos na direção destas; desdobra sua atividade durante a noite perseguindo mariposas. Como as demais aves desse gênero, não constrói nenhuma classe de ninho, e deposita os ovos no chão.

Outra espécie é o noitibó-de-nuca-vermelha ou noitibó-pardo (Caprimulgus ruficollis), um pouco maior, que apresenta um colar avermelhado no pescoço e é de distribuição mais meridional. Caracteriza-se por apresentar a abertura bucal muito larga, olhos grandes, pés de reduzido tamanho e cauda larga Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Dicionário de Símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1988

  • Eurico Santos, Histórias, lendas e folclore de nossos bichos [1]
  • Luís da Câmara Cascudo, "Aves e pássaros no folclore brasileiro" em Revista do Livro, nº19, ano 5, setembro de 1960 [2]
  • Centro de Estudos Ornitológicos: Lista dos nomes populares das Aves do Brasil [3]

uma das editoras (ariadny) olá td bem!

Veja também[]

Urutau

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