Fantastipedia
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Botticelli-primavera

Primavera, de Sandro Botticelli (1482)

Carites1

As Graças, afresco romano em Pompéia

Carites2

As Graças, de Rafael (1504-5)

Three graces

As Três Graças, de Pieter Pauwel Rubens (1636-38)

Canova-Three Graces

As Três Graças, de Antonio Canova (1814-17)

Ficheiro:AglaiaDavis.jpg

Aglaia, de Richard Thomas Davis (1999-2001)

As Cárites (do grego Χάριτες, Charites, "Graças", "Dons"), em grego), ou as Graças (nome latino) são deusas da dança, da alegria e da graça do amor, tidas como as dançarinas no Olimpo. Seu papel na mitologia grega era pouco importante, mas no Renascimento tornaram-se um símbolo da idílica harmonia do mundo clássico.

Seu culto se iniciou na Beócia, onde eram consideradas deusas da vegetação. O rio Cefisso, (Cephissus), perto de Delfos, era consagrado a elas.

As Cárites no mito[]

Seu número e seus nomes variam conforme as versões. Sua ancestralidade também: conforme a versão, eram filhas de Zeus e Eurínome, de Zeus e Hera; de Zeus e de Eunômia (uma das Horas); de Dioniso e Afrodite; ou de Hélios e da náiade Aegle. Pausânias, em sua Descrição da Grécia, dá o seguinte relato sobre o mito:

Segundo os beócios, Etéocles foi o primeiro homem a sacrificar às Cárites. Sabem eles também que foi ele quem estabeleceu três como seu número, mas não têm nenhuma tradição sobre os nomes que lhes deu. Os lacedemônios, entretanto, dizem que as Cárites são duas, e que seu culto foi instituído por Lacedêmon, filho de Taígeta, que lhes deu os nomes de Cleta e de Phaenna. Estes são nomes apropriados para Cárites, como são aqueles dados pelos atenienses, que há muito adoram duas Cárites, Auxo e Hegemone... Foi de Etéocles de Orcômeno que aprendemos a orar para as três Cárites. Angelion e Tectaus, os filhos de Dioniso que fizeram a imagem de Apolo para os délios, ajustaram três Cárites na mão do deus. Também em Atenas, antes da entrada na Acrópole, as Cárites são três; a seu lado são celebrados mistérios que não devem ser divulgados. Panfos foi o primeiro, ao que saibamos, que cantou sobre as Cárites, mas sua poesia nada diz sobre seu número ou seus nomes. Homero refere-se a uma só Cárite, esposa de Hefesto, dando lhe o nome de Cárite. Mas diz também que Hipnos era um amante de Pasithea, e no discurso do Hipnos há este verso:
Verdadeiramente que ele me daria uma das Cárites mais jovens.
e por isso alguns têm suspeitado que Homero sabia também sobre Cárites mais velhas. Hesíodo na Teogonia (apesar da autoria ser duvidosa, este poema é uma boa evidência) diz que as Cárites são filhas de Zeus e de Eurínome, dando-lhes os nomes de Eufrosine, de Aglaia e de Tália. O poema de Onomácrito concorda com este relato. Antímaco, sem dar o número ou os nomes das Cárites, diz que são filhas de Aegle e do sol. O poeta elegíaco Hermesianax discorda de seus predecessores e também faz de Peitho ("Persuasão") uma das Cárites.

Na interpretação que prevaleceu a partir do período helenístico foi a da Teogonia e as Cárites acabaram por ser definidas como três filhas de Zeus e da deusa Eurínome:

  • Aglaia - "esplendor", "brilhante", a irmã mais jovem, Esplendente na tradução da Teogonia por Jaa Torrano;
  • Eufrosina - "bom humor", "boa disposição", a irmã do meio, Agradábil para Jaa Torrano;
  • Tália - "florescente", "verdejante", a irmã mais velha, tida como deusa das festas e dos banquetes, Festa, para Jaa Torrano.

Segundo a Teogonia de Hesíodo, eram filhas de Zeus e da deusa Eurínome, mas outras versões as consideraram filhas de Zeus e Hera; de Zeus e de Eunômia (uma das Horas); de Dioniso e Afrodite; ou de Hélios e da náiade Aegle.

Geralmente são consideradas parte do cortejo de Afrodite, como deusas das alegrias do amor; mas como dançarinas também aparecem no cortejo de Apolo, o deus músico. Às Cárites se atribiu influências benéficas sobre a atividade intelectual e as obras de arte, assim como às Musas. Também acompanham Atena, como protetora dos trabalhos femininos e da atividade intelectual e, por vezes, também Eros e Dioniso.

As Cárites na arte[]

Ainda segundo Pausânias:

Não consegui descobrir quem foi o primeiro a representar as Cárites nuas, nem se foi na escultura ou na pintura. Nos tempos mais antigos, com certeza, escultores e pintores as representavam igualmente drapejadas. Em Esmirna, por exemplo, no santuário das Nêmeses, acima das imagens foram dedicadas Cárites de ouro, trabalho de Bupalus; e no Odeon da mesma cidade há um retrato de uma Cárite, pintada por Apelles. Em Pérgamo, do mesmo modo, na câmara de Attalus, estão outras imagens de Cárites feitas por Bupalus; e perto do que é chamado lá é chamado de Pythium há um retrato das Cárites, pintado por Pitágoras ou Parian. Também Sócrates, filho de Sofronisco, fez imagens das Cárites para os atenienses, que estão antes da entrada da Acrópole. Diz-se também que Sócrates destruiu seu próprio trabalho quando se aprofundou na filosofia e na busca da consciência, devido à sua atitude iconoclástica para com a arte e coisas semelhantes. Todas estas têm igualmente vestes drapejadas; mas uns artistas mais recentes, não sei por que razão, mudaram a maneira de representá-las. Certamente, hoje os escultores e pintores representam as Cárites nuas.

A representação que se tornou mais comum foi a de três jovens nuas, segurando-se pelos ombros; duas Cárites olham numa direção e a terceira, na direção oposta. Esse modelo, do qual se conserva um grupo escultórico da época romana, cópia de um trabalho helenístico, na biblioteca de Piccolomini em Domo di Siena, inspirou a maioria das obras da Renascença sobre esse tema, inclusive a de Boticelli (A Primavera), Rafael e Rubens, bem como as esculturas de Antonio Canova e Bertel Thorvaldsen.

Referências[]

  • Junito de Souza Brandão, Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega, Vozes, Petrópolis 2000.
  • Wikipedia (em inglês): Charites [1]
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