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CarlosmagnoRafael

detalhe de A Coroação de Carlos Magno, do estúdio de Rafael (1516-1517)

Coroaimperial

Coroa imperial heráldica

Um imperador é um monarca do sexo masculino que governa um império. O feminino, imperatriz, refere-se tanto à esposa de um imperador quanto a uma mulher que é o monarca reinante. O título de imperador foi freqüentemente considerado superior ao de rei.

Embora na prática o poder dos imperadores nem sempre tenha sido superior ao dos reis contemporâneos, o papel simbólico do título, que implica em algum grau aspirar a um governo ecumênico e global (como o que pretendia o Império Romano em seus melhores tempos) foi tão importante que a queda dos imperadores romanos do Ocidente (476) marca o fim da Idade Antiga e o dos imperadores bizantino do Oriente (1453), o fim da Idade Média. Ainda que esses governantes tivessem perdido sua importância política muito antes de sua queda final, seu desaparecimento marca o fim de um certo ideal de ordem e legitimidade internacionais.

A extinção final do Sacro Império Romano-Germânico (1806) está associada às grandes mudanças que resultaram no fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea. O desaparecimento dos impérios alemão, austríaco e russo (1917-1918) e também do britânico (1947) marcam também momentos dos mais importantes para a reconfiguração da ordem mundial.

Roma[]

O título de imperador era conferido na Roma Republicana a comandantes militares que obtivessem uma vitória importante. Os legionários conferiam o título por aclamação e nisso, apenas, consistia o imperium. O Senado usualmente concedia ao imperdor a honra de um triumphus, um desfile grandioso pelas ruas de Roma, após o qual ele devia abrir mão do título.

Quando Otávio Augusto instituiu, em Roma, uma nova monarquia hereditária de facto, continuava a haver forte resistência do Senado e da nobreza romana, orgu,hosas de sua dignidade e tradição, a restaurar o título de "rei" (rex). Os novos governantes limitaram-se a acumular e reservar para si vários títulos republicanos tradicionais, inclusive o de imperdor.

Entretanto, para Augusto e os primeiros imperadores, o título mais importante era o de princeps senatus (primeiro-senador, que na República tinha o papel de chanceler, recebendo as embaixadas estrangeiras), ou simplesmente princeps (príncipe ou "primeiro-cidadão"). O título de "imperador" ganhou maior importância, porém, quando a instabilidade política fez do comando e controle efetivo do Exército a fonte principal do poder. O primeiro a enfatizar o título de "imperador" foi Vespasiano, a partir de 79 d.C.

Transição para a Idade Média[]

Após a morte do Imperador Teodósio, em 395, o Império Romano foi administrativamente dividido entre dois sucessores, do Ocidente e do Oriente. Em 476, o general hérulo Odoacro depôs Rômulo Augusto, geralmente tido como o último imperador do Ocidente (embora o penúltimo, Júlio Nepo, tenha controlado parte da Dalmácia e reivindicado o título até sua morte em 480), acontecimento que marca o início convencional da Idade Média.

Odoacro enviou as insígnias imperiais do Ocidente ao Imperador Zenão, em Constantinopla, que por sua vez o nomeou formalmente dux da Itália - e Odoacro governou e cunhou moedas em nome do Imperador Zenão. Do ponto de vista legal e formal, o Império Romano havia sido reunificado, com Odoacro como vassalo de Zenão. Siágrio, general galo-romano que continuava a controlar parte da atual França, também governou esse território como dux em nome de Zenão, até ser derrotado pelos francos em 486. .

Entretanto, as relações entre os dois se deterioraram e em 488 Zenão nomeou Teodorico, rei dos ostrogodos, para o governo da Itália. Em 493, Teodorico depôs Odoacro e em 497 foi reconhecido como rex Italiam (rei da Itália) por Anastásio, sucessor de Zenão, ao qual ainda deveria uma vassalagem teórica.

Após a morte de Teodorico, o reino ostrogodo foi abalado por disputas entre os sucessores e uma guerra civil. O Imperador Justiniano aproveitou-se dessa conjuntura para invadir e recuperar a Itália. Por algum tempo, o Império Romano foi reunificado não só de direito, como de fato.

Pouco depois da morte de Justiniano, os lombardos invadiram a Itália e tomaram grande parte dela aos romanos - ou bizantinos, como são retroativamente chamados pelos historiadores a essa altura dos acontecimentos. Os lombardos fundaram um novo "reino da Itália", embora Roma, Ravena, Veneza, Nápoles e partes do centro e sul da Península permanecessem sob controle bizantino.

Em 751, porém, os lombardos conseguiram tomar Ravena e matar o exarca (governador) bizantino, deixando Roma e o Papa (ao qual os lombardos, cristãos arianos, eram hostis) sem proteção. Os bizantinos, ameaçados pelos árabes e búlgaros, não tinham condições de defender seus territórios italianos.

O papa Estêvão II pediu, então, socorro a Pepino, rei dos francos e católico, que em 756 invadiu a Itália, tomou Ravena e a entregou junto com Roma ao Papa, que então reivindicou o título de "exarca" dos antigos territórios bizantinos do centro da Itália. Era o início do poder temporal que os papas mantiveram até o século XIX, mas o título ainda implicava vassalagem ao Imperador de Constantinopla.

Os lombardos continuaram, porém, a governar a maior parte do resto da Itália e disputar terras com o papado que, por sua vez, estimulava duques lombardos a romper com o rei e aliarem-se aos francos.

Em 768, Pepino morreu e dividiu o reino entre seus dois filhos, Carlos e Carlomano, que logo se tornaram rivais. Em busca de aliados, Carlos casou-se, contra a vontade do Papa, com uma filha do rei lombardo Desidério, mas pouco depois a repudiou em troca de uma princesa bávara. Os lombardos, furiosos, estavam prestes a se aliar com Carlomano quando este, inesperadamente, morreu.

No ano seguinte (772), os lombardos invadiram terras papais, ameaçaram Roma e o papa Adriano I pediu, novamente, socorro aos francos. Carlos invadiu a Itália, derrotou Desidério e coroou a si mesmo rei dos lombardos e da Itália, preservando os territórios papais.

Em 795, foi eleito um novo papa, Leão III, de extração plebéia, que foi hostilizado pela nobreza romana. Em 799, acusado de adultério e perjúrio, foi deposto e preso. Conseguiu, porém, escapar e mais uma vez pediu socorro aos francos, desta vez contra os próprios romanos. Carlos o escoltou de volta a Roma em novembro de 800 e, no Natal do mesmo ano, Leão III o coroou e lhe conferiu o título de Imperator Romanorum, Imperador dos Romanos.

O papa pretendia declarar ilegítimo o trono de Constantinopla, então ocupado pela Imperatriz Irene e comprometido com o movimento iconoclástico, considerado herético. Os bizantinos, naturalmente, protestaram e recusaram-se a reconhecer o novo título imperial. Em uma tentativa de acordo, Carlos Magno (como veio a ser conhecido), a partir de 806, passou a se intitular Imperator Romanum gubernans Imperium, ou "governante do Império do Imperador Romano", como que se intitulando um regente e não um titular do trono.

Em 812, subiu ao trono de Constantinopla o Imperador Miguel I, que era apoiado pelos cristãos ortodoxos, perseguiu os iconoclastas e buscou a reconciliação com o Ocidente. Reconheceu Carlos Magno como "Imperador" (basileus, com se dizia então em grego) - se bem que "dos Francos" e não "dos Romanos". Em troca, lhe foi devolvida a suserania sobre Veneza e confirmadas suas posses no sul da Itália. Voltou-se então a falar de um "Império do Ocidente" e um "Império do Oriente" mutuamente reconhecidos.

Ocidente Medieval e Moderno[]

Após a morte de Carlos Magno em 814, seu império foi dividido, conforme o costume franco, entre os filhos, mas apenas um deles, Luís I, o Piedoso, herdou o título de "Imperador", que lhe dava apenas uma supremacia nominal sobre os irmãos. O título, sempre detido por aquele entre os reis carolíngios que governavam a Itália e tinham o papel de suseranos e protetores de Roma e do Papa, passou em 840 ao filho Lotário I, deste ao neto Luís II, ao filho mais novo Carlos, o Calvo (depois contado como Carlos II da França) e depois a outro neto, Carlos, o Gordo.

Em 887, porém, Carlos, o Gordo, foi deposto e o título ficou vago até 891, quando foi conferido pelo Papa ao duque Guido de Espoleto, que já coroara como rei da Itália em 889, apesar de nunca ter chegado a exercer poder de fato fora de seu pequeno ducado. Guido passou o título ao filho Lambert, mas em 896 o papado rompeu com Lambert e coroou Arnulfo, rei carolíngio da Alemanha. Após a morte deste, a distinção passou a Luís, o Cego, soberano do pequeno reino da Provença, depois a Berengário, marquês do Friuli, ambos senhores de Estados pequenos e fracos. Com a morte deste último, em 924, o título imperial ficou novamente vago, desta vez por 38 anos.

Em 960, o papa entrou em choque com outro Berengário, marquês de Ivrea com pretensão a rei da Itália e foi socorrido por Oto I, rei da Alemanha, que desde 951 era também suserano da Itália. Em 962, conferiu-lhe o título de Imperator Augustus, que a partir de então ficou definitivamente vinculado com o de Rei da Alemanha e Rei da Itália. A partir de 1152, a sucessão passou a ser formalmente regulada pelos votos de sete grandes senhores alemães, os "príncipes eleitores", mas no final da história do Império passou a ser herdada regularmente pelos Habsburgos da Áustria. Em 1254, a instituição passou a ser conhecida como Sacrum Romanum Imperium (Sacro Império Romano) e em 1512 como Heiliges Römisches Reich deutscher Nation (Sacro Império Romano da Nação Alemã), ou Sacro Império Romano-Germânico, como dizem hoje os historiadores.

Em resumo, na Europa Ocidental, o título de "imperador" significou, na Idade Média e início da Idade Moderna, a pretensão respaldada pelo papado, dos soberanos carolíngios e depois alemães e austríacos, a serem os sucessor legítimo dos romanos, os novos "césares" (em alemão, Kaisers), aos quais os demais reis deveriam dar certa precedência.

O imperador era, em princípio, o protetor do Papa e de seus Estados, mas na prática o conflito entre os dois foi freqüente e em certos períodos, dominou a história da Alemanha e da Itália.

Ainda assim, nas cruzadas, o Imperador do Sacro Império Romano-Germânico deveria ter o primeiro lugar entre os comandantes das tropas cristãs. Ser imperador significava, teoricamente, ser o supremo governante temporal.

Originalmente, só os imperadores tinham direito ao título de "Vossa Majestade", os reis deviam faziam-se chamar por "Vossa Alteza", como ainda se lê, por exemplo, na carta de Pero Vaz de Caminha.

Na prática, os reis da Europa nunca concederam ao Imperador alemão a precedência que ele teoricamente deveria ter e, no início da Idade Moderna e do absolutismo, repudiaram explicitamente sua pretensão. Cada rei se fez chamar de "Vossa Majestade" e se considerar "imperador dentro de seu reino", passando o título de "Alteza" a ser destinado aos príncipes. O Imperador propriamente dito passou a ser distinguido como "Vossa Majestade Imperial".

Com a Reforma Protestante, no início da Idade Moderna, o Sacro Império tornou-se puramente teórico. O título imperial, que permaneceu nas mãos dos católicos Habsburgos, não lhe conferia legitimidade aos olhos dos príncipes protestantes, muito menos poder real. O conflito durou até 1648, quando a paz de Westfália reconheceu, na prática, a completa independência dos estados alemães, com a ressalva de serem proibidos de formar alianças contra o "Imperador". O título tornou-se mero adorno dos soberanos da Áustria, sem efeitos práticos, até 1806, quando o título foi abolido por Napoleão.

Revolução Francesa[]

Após a Revolução Francesa, a queda dos reis da dinastia Bourbon, a expropriação das terras da antiga aristocracia e o desenrolar dos conflitos internos da república que acabaram por levar a uma nova concentração do poder, o general Napoleão Bonaparte, de origens burguesas, instituiu um novo tipo de monarquia. Fez-se coroar imperador com o título de Napoleão I a pretensão de exercer de fato o poder que os antigos imperadores alemães haviam tido de direito, quase ao mesmo tempo em que aboliu o velho Sacro Império - dando ao detentor do título, em compensação, o título menos grandioso de "Imperador (Kaiser) da Áustria".

Durante a era napoleônica e mesmo por algum tempo após a queda de Napoleão, o título de "imperador" passou a ser visto, no Ocidente, como adequado a novas monarquias baseadas em princípios revolucionários e burgueses, mais do que nas tradições medievais, como foram os casos dos imperadores Iturbide, do México, e Dessalines, do Haiti.

Não foi o caso do Brasil, onde a adoção do título de "Imperador", em vez de "Rei", por D. Pedro I era um apelo à tradição sebastianista, que via Portugal como berço do "Quinto Império" (sucessor do quarto, que teria sido o romano e romano-germânico) e ainda se mostrava viva na tradição popular, como mostrava o papel do "Imperador" da Festa do Divino.

A Era dos Impérios[]

No início do século XIX, o título de "imperador" não implicava necessariamente pretensões expansionistas, "imperialistas" no sentido moderno. Indicava uma monarquia de raízes populares, de acordo com o modelo francês de Napoleão I e Napoleão III, ou uma mera sobrevivência do passado, no caso da Áustria e da Rússia.

Na segunda metade do século, porém, a concorrência entre as grandes potências européias pelo domínio da África e Ásia enfatizou outra conotação do título de imperador: a pretensão romana de supremacia global. O título de "Imperador" voltou a ser percebido como superior ao de "Rei" e dinastias reais tradicionais procuraram adquiri-lo.

O novo significado foi marcado pela rivalidade entre a Alemanha e o Reino Unido. Até 1857, os britânicos administravam seus domínios indianos de forma um tanto improvisada, por meio de uma empresa privada, a Companhia das Índias Ocidentais (Honourable East India Company). A Companhia agrupava seus territórios em três "presidências" autônomas que coexistiam com muitos reinos e principados nominalmente independentes (incluindo o Grão-Mogol, herdeiro dos últimos resíduos do antigo Império Mogol), mas apoderava-se de seus territórios a cada vez que um rajá morria se deixar herdeiro, o que provocava as elites locais. Ao mesmo tempo, interferia em costumes e tradições religiosas e procurava converter os nativos ao cristianismo, o que inquietava brâmanes e populares.

Em 1857, deu-se o grande levante armado contra os ingleses conhecido como a Revolta dos Sipaios, reprimida a um alto custo. A coroa britânica decidiu, então, assumir a administração direta das colônias e sistematizá-la como um governo imperial, sob a administração de um vice-rei. O Grão-Mogol foi deposto e seus territórios anexados, mas as elites indianas passaram a ser tratadas com mais tato, reinos e principados fiéis tiveram seu futuro garantido sob a hegemonia britânica, a tolerância religiosa tornou-se política oficial.

De início, a rainha Vitória governou a Índia simplesmente como rainha do Reino Unido, mas dezenove anos depois, surgiu um impasse protocolar.

Em 1871, ao sitiar Paris e humilhar a França de Napoleão III, o rei da Prússia adquiriu tal prestígio e poder que os demais estados independentes alemães (exceto Áustria, Luxemburgo e Liechteinstein) o aclamaram Imperador Alemão (Deutscher Kaiser) no próprio Palácio de Versalhes. O Império Alemão (Deutsches Reich) do Kaiser passou a imperar sobre reis, príncipes, grão-duques e cidades livres, e mais tarde também sobre as colônias alemãs na África, Ásia e Oceania.

Ora, a princesa Vitória, filha da rainha britânica, havia se casado com Frederico, príncipe herdeiro do Reino da Prússia e agora também do Império da Alemanha. Ficou claro que um dia ela seria Kaiserin ou imperatriz e teria um título superior ao da mãe. Seria um sério golpe no orgulho dos britânicos, que ainda se viam como a maior potência do mundo, mas sentiam-se cada vez mais preocupados com a ascensão de poderosos rivais, principalmente os Estados Unidos e a Alemanha.

Com essa perspectiva, os britânicos não mais podiam aceitar que a rainha Vitória fosse menos do que uma imperatriz. Em 1876, o primeiro-ministro britânico Disraeli a coroou com o novo título de "Imperatriz da Índia", que foi traduzido para o hindustani como Kaisar-i-Hind (literalmente, Kaiser ou César da Índia).

Só então surgiu, formalmente, o "Império Britânico", embora o Reino Unido tivesse possessões coloniais desde o século XVII e dominasse a Índia há mais de cem anos. Outras potências com amplos domínios coloniais passaram então a ser referidas como "impérios", fosse qual fosse sua forma de governo.

Surgiu então o termo "imperialismo" com as conotações atuais, não necessariamente associado a instituições monárquicas. Tornou-se rotineiro, por exemplo, referir-se ao "Império Colonial Francês" e o regime nazista, ao chegar ao poder, proclamou-se o III Reich, com a conotação de ser o "terceiro império" alemão depois do Sacro Império e do Império Alemão de 1871, embora não houvesse mais um Kaiser.

Em 1936, após a invasão da Etiópia e o destronamento temporário do Imperador Hailé Selassié I, também o rei da Itália foi coroado "imperador" por Mussolini, de acordo com o modelo vitoriano.

Depois de 1947, quando a Índia se tornou independente, os reis britânicos perderam o título imperial e restaram poucos "imperadores" no mundo (sessenta anos depois, só restava o do Japão), a nova conotação "imperialista" do termo foi reforçada. É nesse sentido que hoje se fala de "Império Americano".


Equivalentes em outras Línguas e Culturas[]

Fora do Ocidente, o título de "imperador" foi também aplicado a outros grandes soberanos cujos títulos sugeriam de alguma forma a superioridade em relação aos reis comuns, de forma a permitir alguma analogia com os imperadores romanos, como os soberanos da China, do Japão, da Etiópia e do Irã.

Autokrator[]

Autokrator: originalmente, era a tradução grega para o título romano de Imperator, embora significasse, mais exatamente, "Ditador". No século VII, os imperadores bizantinos passaram a usar o título de basileus, embora continuassem a ser reconhecidos pelo Ocidente como imperadores.

Basileus[]

Basileus: na Grécia Micênica, era o título de chefes locais, que eram mais propriamente "régulos" ou "príncipes" subordinados a um rei propriamente dito, o wanax ou anax - na Ilíada de Homero, apenas Agamêmnon tem o título de "anax", todos os demais (Odisseu, por exemplo) são "basileus".

Com o fim da civilização micênica, os basileus se tornaram independentes e seu título, usado pelos soberanos da maioria das cidades-estados monárquicas independentes e também por Estados maiores de língua grega como a Macedônia, era equivalente ao do rex romano (rei).

Quando Alexandre, o Grande, conquistou o Império Persa, ele e seus sucessores no Egito, Síria e Macedônia passaram a se chamar Megas Basileus (Grande Rei), título antes dado pelos gregos ao soberano persa e que era praticamente equivalente ao que mais tarde seria considerado um "imperador", mas também às vezes simplesmente basileus (ou basilissa, no feminino).

Sob o Império Romano, os gregos, que não tinham a mesma prevenção dos romanos contra o título de rex, também chamavam popularmente o imperador de basileus. A partir de Heráclio (século VII), este título passou a ser usado oficialmente, com o sentido de "imperador". Os reis "bárbaros" ocidentais eram chamados (em grego) de rēx ou rēgas, "rei".

Mais tarde, porém, os bizantinos acabaram tendo de reconhecer Carlos Magno e seus sucessores, e depois o soberano da Bulgária como basileus. Para distinguirem-se deles, passaram a intitular-se, por extenso, Basileus tōn Rōmaiōn (imperador dos romanos) ou Basileus kai Autokratōr tōn Rōmaiōn (imperador e autocrata dos romanos).

Em 1204, a Quarta Cruzada, originalmente destinada à Palestina, foi desviada para conquistar e saquear Constantinopla. Os cruzados impuseram no trono de Constantinopla o conde Balduíno de Flandres como Imperador Balduíno I do Imperium Romaniae, "Império da România", geralmente referido pelos historiadores como "Império Latino". Sobreviventes da casa imperial bizantina, porém, retiveram partes do Império Bizantino e se proclamaram basileus, fundando os chamados "Império de Nicéia" e "Império de Trebizonda". O primeiro conseguiu retomar Constantinopla em 1261 e restaurar o Império Bizantino até 1453, quando sua tomada pelos turcos marca o fim convencional da Idade Média.

Quando a Grécia recuperou a independência, em 1832, seus soberanos retomaram o título bizantino de basileus até a queda da monarquia em 1974. Além disso, alguns deles adotaram o nome de "Constantino", sugerindo implicitamente serem os sucessores dos bizantinos. Entretanto, seu título sempre foi interpretado no Ocidente como simples "rei".

Tsar[]

Tsar: o título deriva diretamente de "César" e também é escrito em português (menos corretamente) como Czar ou Tzar. O feminino russo é tsaritsa, mas geralmente traduzido como tsarina, czarina ou tzarina.

Foi usado inicialmente pelos soberanos medievais búlgaros, por uma concessão diplomática arrancada aos imperadores bizantinos. Legalmente, não tinha conotação imperial: o soberano búlgaro era apenas adotado como "filho espiritual" do imperador bizantino e "imperador da Bulgária", não dos romanos. O soberano búlgaro intitulava-se imperator Bulgarorum et Blachorum em sua correspondência com o papa, mas este respondia usando o título de rex (rei). O título, que desapareceu com a conquista otomana, foi restaurado quando a Bulgária recuperou sua independência, em 1878 e durou até a queda da monarquia em 1946, mas sempre traduzido como "rei" no Ocidente.

No século XIV, alguns soberanos da Sérvia também adotaram o título de Tsar, com a intenção de conquistar e governar o que restava do Império Bizantino, mas depois abandonaram a pretensão e retornaram ao título de kralj ("rei").

A partir de 1480, o então Veliki Kniaz (geralmente traduzido como "Grão-Duque") de Moscóvia, Ivã III, que conquistara a independência em relação aos mongóis e se casara com a herdeira do Império Bizantino desaparecido em 1453, adotou o título de tsar na Rússia e de imperator na correspondência com o Ocidente. O título foi reconhecido em 1514 pelo soberano do Sacro Império Romano-Germânico. Em 1547, com Ivã IV, os soberanos da Rússia começaram a se fazer coroar oficialmente com o titulo de tsar.

Houve certa hesitação no Ocidente sobre se esse título era ou não equivalente a "imperador". Embora exitisse a palavra russa korolj ("rei"), aplicável à maioria dos reis ocidentais, o termo "tsar" era também aplicado a reis bíblicos, como Davi e Salomão. Em 1721, para eliminar a ambigüidade, Pedro I, o Grande, adotou oficialmente, em russo, o título latino de Imperator, que continuou a ser usado até a queda da monarquia em 1917. Entretanto, o título de tsar continuou a ser usado popularmente e os imperadores russos agregaram a seu título o de "tsares" de países que haviam sido reinos independentes, como a Polônia e a Geórgia, igualando, na prática, o título de tsar ao de rei.

Huangdi[]

Huangdi: os soberanos das três primeiras dinastias históricas chinesas, Xia, Shang e Zhou, reinaram com o título de wang, geralmente traduzido como "rei". No final da dinastia Zhou, porém, grandes senhores territoriais, com os títulos de gong ("duque"), hou ("marquês") ou bo ("conde"), passaram a governar de fato o país, deixando aos reis Zhou apenas uma suserania nominal.

Em 334 a.C., dois desses "duques", os de Qin e Wei, reconheceram-se mutuamente como wang, sinalizando a pretensão de rivalizar com os Zhou e foram imitados por cinco outros rivais, assinalando a era chamada dos "reinos combatentes". De 247 a.C. a 221 a.C., um dos sucessores Qin conseguiu conquistar todos os seis rivais, depôs o último Zhou e proclamou-se não mais wang, mas huangdi, associando os títulos de huang ("augusto", originalmente atribuído aos três primeiros reis míticos da China) e di ("divino" ou "supremo", originalmente conferido a seus cinco sucessores também míticos, anteriores à dinastia Xia), ou seja, títulos até então a semideuses. Huangdi significa, literalmente, "divino augusto".

Esse título, retido pelos soberanos da China até a proclamação da República em 1911, veio a ser interpretado como equivalente ao ocidental de "imperador", embora seu significado esteja mais próximo do título de "augusto" do primeiro imperador romano.

Tenno[]

Tennō: título dos soberanos do Japão desde o século VII. A palavra é formada de ten, "céu" e no, "augusto" (escrito com o mesmo logograma do chinês huang), literalmente "celestial augusto". Os ocidentais às vezes usaram erradamente o termo mikado, que na verdade significa "portal" (do palácio), como título do soberano.

Os primeiros soberanos do Japão foram chamados ōkimi ("rei-mestre", ou "mestre dos reis"). Em japonês antigo usou-se também o termo Sumeramikoto ("celestial augusto sobre as nuvens").

O título tennō parece inspirado no dos soberanos chineses, mas estes são chamados em japonês de kōtei (tradução literal de huangdi). Os simples reis são chamados ō (mesmo logograma do chinês wang) ou ōja (rei-humano).

Vale notar que, quando os primeiros ocidentais entraram em contato com o Japão, presumiram que o shōgun ou xógum (literalmente, "comandante do Exército", "generalíssimo", "condestável") que então detinha o poder de fato, era também o soberano legal e erradamente traduziram seu título como "imperador". Quando ouviram falar da existência do tennō, supuseram inicialmente que era uma espécie de líder religioso.

Kaghan[]

Khaghan: às vezes traduzido como "Grande Cã" ou "Cã dos Cãs", é um aumentativo de Khan ou Cã, o título usual dos governantes mongóis (equivalente a "rei"). Foi aplicado a Gengis Khan e depois a seus herdeiros até Kublai Khan, governantes supremos de todos os soberanos mongóis. Depois do fracionamento do império, foi reivindicado por vários governantes turcos e mongóis. O soberano otomano também adotou o título de Hakan, que é a tradução turca de Khaghan.

Imperadores da Índia e Oriente Médio[]

Padixá: os soberanos da Pérsia muçulmana, os Grão-Mogóis que chegaram a governar a maior parte da Índia, os soberanos otomanos (da atual Turquia) e alguns soberanos muçulmanos menores usaram o título de Pādishāh ou Padixá, composto de Pati (mestre) e Shāh (rei), ou seja, "rei-mestre" ou "mestre dos reis", também geralmente considerado equivalente a "imperador". Note-se, porém, que quando a rainha Vitória se proclamou imperatriz da Índia, adotou o título hindustani de Kaisar-i-Hind e não de Padishah-i-Hind, como o deposto Grão-Mogol.

Xainxá: os antigos imperadores da Pérsia Aquemênida, desde Ciro, Dario e Xerxes, bem como muitos de seus sucessores até o século XX, usaram o título de Shahanshah ou "Xainxá", literalmente "rei dos reis". Os simples reis eram chamados Shāh ou , palavra que também era usada como abreviação do título oficial.

Sultão dos sultões: Sultan us-Selatin em turco, ou Sultan es-Salatin em árabe, "sultão dos sultões", era outro dos títulos do soberano otomano.

Califa: Khalif, "sucessor", "vigário" ou "lugar-tenente" em árabe, era o sucessor de Maomé enquanto líder político de todos os muçulmanos (não enquanto profeta ou governante teocrático). Nesse sentido, equivale aproximadamente ao ideal do "imperador" no Ocidente.

Melech ha-M'lachim: rei dos reis" em hebraico, é o título pelo qual a Torah se refere aos soberanos de Babilônia e da Pérsia e também a Deus. Neste último caso, é as vezes lido como Melech Malchei Ha-M'lachim ("rei dos reis dos reis"), para colocá-lo um degrau acima.

Cakravala Cakravartin: em sânscrito, "aquele cujas rodas se movem" (cakravartin) "pelas rodas de montanhas" (cakravala, cordilheiras míticas que envolvem o monte Sumeru, no centro do mundo), com a conotação de alguém cujo poder se estende por toda parte, sem obstrução. Historicamente, foi aplicado apenas ao imperador indiano Asoka, com o sentido de "soberano universal". Mais tarde, foi usado pelos hinduístas no sentido de um governante mundial ideal.

Imperadores da África[]

Neguse Negest: "rei dos reis" em ge'ez, era o título dos soberanos da Etiópia, em contraste com os simples Negus (reis), que governavam os estados vassalos. Também este título foi traduzido como "imperador" no Ocidente.

Mansa: título dos soberanos do Máli em mandinga de 1230 ao século XVII, costuma ser traduzido como "rei dos reis" ou "imperador".

Sonni ou Sunni: título dos primeiro soberanos Songhai, de 1275 a 1493. O título significava originalmente "substituto" ou "libertador", ao ser fundado por um oficial do Máli que fugiu para Gao e fundou sua própria dinastia, que depois de 1375, tornou-se completamente independente.

Askiya ou Askia: com o significado original de "usurpador", tornou-se o título formal dos soberanos Songhai de 1493 a 1901. Também foi interpretado como "imperador".

Mwene Mutapa ou Monomotapa: "senhor" ou "conquistador" (mwene), "das terras conquistadas" (mutapa) era o título do soberano do império africano do Mutapa (conhecido pelos portugueses como Monomotapa, o título de seu governante), cujo centro era a cidadela de Zimbábue, no atual país do mesmo nome e que existiu de 1430 a 1698, quando foi conquistado pelos portugueses.

Aláàfin ou Alafin: com o significado de "governante", era o título do soberano do império iorubá de Oyó, que exerceu a hegemonia sobre as demais cidades-estado iorubás e sobre o Daomé de 1400 a 1835 e tinha o poder de confirmar ou rejeitar seus governantes, ao serem empossados. Os soberanos das cidades-estado tinham, em geral, o título de oba (rei).

Imperadores da América Pré-Colombiana[]

Sapan Inka: literalmente, "o único senhor", ou O Inca, título dos soberanos incaicos de Cuzco. Também chamados pelos súditos de Sapan ("único") e Apu ("divino").

Huey Tlatoani: literalmente "grande orador", título dos soberanos astecas.

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