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IlhadosLencoisCururupu

Paisagem da Ilha dos Lençóis, Cururupu (MA)

Bumbameuboi

No bumba-meu-boi, a estrela na testa do boi recorda a lenda do touro encantado

É um grande touro negro, com uma estrela brilhante na testa, que aparece em noites de sexta-feira, na ilha dos Lençóis. Com uma área não maior que 9 km² e cerca de 400 habitantes, a 155 km a oeste de São Luís, essa ilha faz parte do arquipélago de Maiaú, município de Cururupu, Maranhão. É também conhecida na imprensa como "Ilha dos Filhos da Lua", devido à alta incidência de albinismo na população (cerca de 3%), devida à freqüência dos casamentos consangüíneos.

Dizem alguns que Dom Sebastião costuma aparecer principalmente em junho, durante as festas do bumba-meu-boi, e em agosto, época do aniversário da batalha de Alcácer-Quibir. Dizem também que atualmente o Rei Sebastião já não está mais aparecendo porque “a praia dos Lençóis está sendo muito visitada e já possui muito morador”.

Sérgio Ferretti, em Dom Sebastião, o santo e o rei na Encantaria e no folclore maranhense, assim resumiu a lenda:

"Afirma-se que as dunas de areia da Ilha dos Lençóis têm semelhanças com o campo de Alcácer-Quibir, onde el rei dom Sebastião desapareceu. Lençóis é considerada uma ilha encantada, que serve de morada a dom Sebastião. Seu reino está oculto no fundo do mar, próximo aquela ilha. O rei vive em seu palácio submerso e seu navio nunca encontra a rota para Portugal. Dizem que nas noites de sexta-feira dom Sebastião aparece na praia na forma de um touro negro, com uma estrela de ouro na testa. Se alguém conseguir atingir a estrela e ferir o touro, o reino será desencantado, a cidade de São Luís irá submergir e aparecerá uma cidade encantada com os tesouros do rei."

O couro do boi do Bumba-meu-Boi, principalmente os de sotaque de zabumba e de pandeiros de costa de mão, das regiões de Cururupu e Guimarães, costuma ter a ponta dos chifres em metal dourado e traz, bordada na testa, uma estrela de ouro e jóias. Afirma-se que essa estrela e os chifres com ponta dourada constituem alusão ao touro encantado e aos tesouros de Dom Sebastião na ilha dos Lençóis.

Conta-se ainda que tudo o que existe em Lençóis pertence ao Rei Sebastião e que ninguém pode se apropriar do que é seu. Quem tentar levar alguma coisa que pertence à ilha terá que devolver o quanto antes, sob pena de arriscar a própria vida e a de todos os seus companheiros. O barco pode afundar e levar todos para a morada de dom Sebastião, identificada como o Reino ou Palácio de Queluz (embora este só tenha sido construído no século XVIII, na cidade de Sintra, muito depois de sua época).

Num dos cânticos do Tambor de Mina, o Rei Touro é lembrado: "Rei Sebastião, guerreiro militar. Rei Sebastião, guerreiro militar. E quem desencantar lençol, põe abaixo o Maranhão". Nesse culto, diz-se que, na praia dos Lençóis, mora toda uma família de encantados, formada apenas por reis e fidalgos. Além de dom Sebastião, fazem parte da "família do Lençol" ou "Encantaria de dom Sebastião", dentre outros, a princesa Ina, a princesa Jandira e Sebastiãozinho (supostos filhos de dom Sebastião), dom Luís, o rei de França; dom Manuel, conhecido como o Rei dos Mestres; a Rainha Bárbara Soeira; e dom Carlos, filho de dom Luís. A vinda do Rei Dom Sebastião ao corpo de uma sacerdotisa é muito rara, alguns falam que ocorre de sete em sete anos.

Outra família de encantados é a da Turquia, chefiada por um rei mouro, Dom João de Barabaia, que lutou contra os cristãos. É a esta família que pertence a Bela Turca, a cabocla Mariana, que vem ao mundo não apenas na forma de turca, mas também como marinheira, cigana ou índia.

Referências[]

  1. Luís da Câmara Cascudo. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1954
  2. Sérgio Ferretti. "Dom Sebastião, o santo e o rei na Encantaria e no folclore maranhense". Comunicação à mesa redonda Outras águas, outras lendas, V IFNOPAP, Marajó, 25 de julho a 01 de agosto de 2001 [1]
  3. Anne Santos em Jornal Cazumbá: "Pra louvar São Sebastião!" [2]
  4. Amazônia Maranhense: Turismo no Maranhão [3]
  5. Luiz Antonio Simas, Histórias do Brasil: No Reino dos Encantados [4]
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