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Kerberos

Héracles, Cérbero e Euristeu, lado de um vaso do tipo hydra de Caere, Etrúria, 525 a.C.

Cerberus

Cérbero, em representação moderna

Cérbero (do grego Κέρβερος, Kérberos) era um monstruoso cão de múltiplas cabeças ao redor do pescoço que guardava a entrada do Reino de Hades, o reino subterrâneo dos mortos, impedindo a fuga das almas e a entrada de mortais. Filho de Tifão e Équidna, era irmão da Hidra de Lerna, do Leão de Nemeia e de Ortro, o cão de Gerião.

A etimologia do seu nome não é segura. Uma hipótese o aproxima do sânscrito Śārvara, nome de um dos cães de Yama, o deus indiano da morte. Os dois nomes derivariam igualmente de um proto-indoeuropeu *ḱerberos, que significaria "pintado", "marchetado" [1] e tem cognatos em línguas eslavas, bálticas e celtas.

Segundo Hesíodo, o primeiro a mencioná-lo, Cérbero possuía cinquenta cabeças e voz de bronze. A imagem clássica mais frequente, porém, o representa como dotado de cauda de dragão, pescoços e dorso eriçados com uma juba de serpentes e três cabeças, que em muitas descrições vêem e representam o passado, o presente e o futuro e em algumas outras, o nascimento, a juventude e a velhice[2]. Às vezes, porém, Cérbero foi representado com duas cabeças, ou mesmo apenas uma. Segundo o filósofo Heráclito, Cérbero era um cão grande de uma só cabeça, mas era acompanhado de dois filhotes que foram representados na arte como cabeças extras.

Um dos trabalhos impostos por Euristeu a Héracles foi o de ir ao Reino de Hades e e de lá trazer o monstro. Após iniciar-se nos Mistérios de Elêusis, o herói desceu à outra vida. Plutão permitiu-lhe cumprir a tarefa, desde que dominasse Cérbero sem usar de armas. Numa luta corpo-a-corpo, o filho de Alcmena o venceu e o trouxe meio sufocado até o palácio de Euristeu que, apavorado, ordenou a Héracles que o levasse de volta a Hades. Para cruzar as fronteiras de Hades, Orfeu também dominou Cérbero fazendo-o adormecer com sua música e Eneias com bolos de mel impregnados de um sonífero.

O cão do Hades representa o terror da morte, o próprio Hades e o inferno interior de cada um. É de se observar que Héracles o levou de vencida usando apenas a força de seus braços e que Orfeu "por uma ação espiritual", com os sons irresistíveis de sua lira o adormeceu. Estes dois indícios apoiam a interpretação dos neoplatônicos que viam em Cérbero o próprio gênio do demônio interior, o espírito do mal. O guardião dos mortos só pode ser dominado sobre a terra, quer dizer, por uma violenta mudança de nível e pelas forças pessoais de natureza espiritual. Para vencê-lo, cada um só pode contar consigo mesmo[3].

Notas[]

  1. The Oxford Introduction to Proto-Indo-European and the Proto-Indo-European World. Oxford University Press. 2006. p. 411.
  2. Maurice Bloomfield (2003). Cerberus the Dog of Hades. Kessinger Publishing. p. 8.
  3. Junito de Souza Brandão, Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega, Vozes, Petrópolis 2000.

Fontes[]

https://www.facebook.com/donfoca/photos/a.257704940952542/1300636279992731

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