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Hiperbórea, ou País dos Hiperbóreos (em grego antigo, Ὑπερϐόρεοι, Hyperbóreoi, "acima do Vento Norte") é o nome de um país mítico que, segundo a mitologia grega, existia no extremo norte, além do local de onde sopra Bóreas, o Vento Norte e que era inteiramente devotado a Apolo.

Descrição clássica[]

Pomponius Mela

Reconstrução do mapa-múndi de Pomponius Mela (37 d.C.), com os hiperbóreos no extremo norte, além dos montes Rifeus

Herodotus map

Reconstrução do mapa-múndi de Heródoto, com os hiperbóreos no extremo norte-oriental

Na época clássica, o país dos hiperbóreos era concebido como um paraíso ideal, de clima doce e suave, de céu eternamente azul, onde o Sol só se punha uma vez por ano e Apolo era o único deus cultuado. Essa região de sonhos era habitada por cidadãos pacíficos e afáveis, que viviam ao ar livre, nos bosques sagrados e campos ferazes. Eram longevos, mas quando se cansavam de uma vida tão pródiga e feliz, lançavam-se, com a cabeça coroada de flores, do alto de um penhasco e morriam tranqüilos nas ondas do mar. Conhecedores profundos da magia, deslocavam-se no ar e tinham a faculdade de descobrir tesouros.

Era geralmente descrito como uma terra continental, delimitada pelo rio Oceano ao norte e pelos míticos montes Rifeus (Rhipaion em grego, Riphaeus em latim, às vezes identificados com os Cárpatos, outras vezes com os Urais) ao sul. Seu principal rio era o Erídano, que fluía para o sul, tirando suas águas diretamente do Oceano. O Erídano era margeado por álamos que produziam o âmbar e suas águas coalhadas de bandos de cisnes brancos. Abençoada por eterna primavera, essa terra produzia duas colheitas de trigo por ano, mas a maior parte do país era coberta de ricas e belas florestas, "o jardim de Apolo".

O sul do país era protegido pelos picos terrivelmente gelados dos quase impassáveis montes Rifeus. Esta era a morada de Bóreas, o deus do Vento Norte, cujo bafo gelado trazia o inverno a todas as terras ao sul - Cítia, Trácia, Ístria, Céltica, Itália e Grécia. Os picos das montanhas eram também o lar dos grifos e seus vales eram habitados pela feroz tribo dos arimáspios, de um só olho. Imediatamente ao sul estava Pteróforo, uma terra desolada, coberta de neve e amaldiçoada por um inverno eterno.

Hiperbórea era uma teocracia governada por três sacerdotes do deus Apolo, gigantes filhos de Bóreas e conhecidos como Boréades. Sua capital continha um templo circular dedicado ao deus onde hecatombes de asnos eram sacrificadas em sua honra. Esse povo musical também celebrava sua divindade com um constante festival de música, canções e danças, sobre o qual voavam em círculos os cisnes brancos hiperbóreos, juntando sua doce canção aos hinos a Apolo.

Os hiperbóreos nos mitos[]

Tão logo nasceu Apolo, Zeus enviou ao filho uma mitra de ouro, uma lira e um carro, onde se atrelavam alvos cisnes. Ordenou-lhes o pai dos deuses que se dirigissem todos para Delfos, mas os cisnes conduziram Apolo para o país dos hiperbóreos, que viviam sob um céu puro e eternamente azul e que sempre prestaram ao deus um culto muito intenso. Ali permaneceu ele um ano: na verdade, uma longa fase iniciática, talvez para purificar-se do trauma e do miasma do nascimento. Decorrido esse período, retornou à Grécia e só então se apossou de Delfos, após matar a serpente Píton.

De dezenove em dezenove anos, todavia, quando os astros perfazem uma revolução completa, ele visita os hiperbóreos e todas as noites, entre o equinócio da primavera e o surgir das Plêiades, tangendo a lira, o filho de Zeus canta seus próprios hinos.

A flecha com que matou os ciclopes, artífices do raio que fulminou Asclépio, ele a guardava no templo que possuía entre seus amigos hiperbóreos. Esta flecha enorme acabou por voar para a abóbada celeste e formar a constelação do Sagitário. Foi montado nela que o hiperbóreo Ábasis percorreu a Terra inteira sem se preocupar com os alimentos: a arma de Apolo fornecia-lhe tudo no momento exato.

Uma variante do mito atribui aos hiperbóreos certos ângulos do culto apolíneo. Segundo Heródoto os objetos sagrados do culto apolíneo, cuidadosamente envoltos em palha de trigo, teriam chegado a Delos por intermédio de duas hiperbóreas, Hipéroque e Laódice, que, após a morte, receberam na ilha um culto divino. Outra versão contada pelo mesmo autor diz que os hiperbóreos entregaram os objetos sagrados aos citas, seus vizinhos. De cidade em cidade, os portadores dessa carga entraram na Hélade pelo norte, alcançando Dodona. Tendo atravessado a Grécia continental, atingiram a Eubeia e de lá, de ilha em ilha, chegaram a Delos.

Já segundo Diodoro da Sicília, Leto, a mãe de Apolo, seria uma hiperbórea que veio do extremo Norte para a ilha de Delos, a fim de dar à luz Apolo e Ártemis, mas os objetos sagrados apolíneos eram originários da ilha.

Conta-se também que duas jovens hiperbóreas, Arges e Ópis, acompanharam Ilítia e Leto até a ilha de Delos, trazendo presentes para a primeira, a fim de que permitisse o nascimento de Ártemis e Apolo. Relata-se que até mesmo o primeiro de todos os oráculos foi fundado na ilha pelo profeta de Apolo, o hiperbóreo Ólen, que teria introduzido na redação dos mesmos o verso hexâmetro.

Quando da tentativa dos gálatas de invadir Delfos, outro domínio sagrado de Apolo, apareceram dois fantasmas armados que terrificaram os inimigos, reconhecidos como os heróis hiperbóreos Hipéroco e Laódoco, versão masculina das duas heroínas hiperbóreas que falecidas em Delos, Hipéroque e Laódice.

Dizia-se que Pitágoras era uma encarnação de Apolo Hiperbóreo. Os hiperbóreos estão ainda presentes no mito de Perseu: depois de viajar ao extremo Ocidente em busca das Gréias e forçá-las a revelar o paradeiro da Medusa e como derrotá-la, elas o enviaram para o país dos hiperbóreos, onde certas ninfas lhe entregariam os objetos mágicos que lhe permitiriam derrotar a Medusa.

O país também é citado no mito de Héracles, que em seu quarto trabalho persegue a corça de Cerinia por um ano, em direção ao norte, através da Ístria (a terra do rio Istra, atual Danúbio), e chega ao país dos hiperbóreos, onde é benevolamente acolhido por Ártemis. Nas versões mais antigas do trabalho de busca aos pomos de ouro, é também no país dos hiperbóreos que o herói encontra Atlas sustentando o céu (que em outras versões, é localizado no extremo Ocidente).

Hiperbórea na Idade Média e nos Descobrimentos[]

Mercator Septentrionalium

Mapa de Mercator de 1595, mostrando a imaginária terra do Ártico. As ilhas representadas nos cantos são Shetland (inf. esq.), Feroés (sup. dir.) e a lendária Frislândia (sup. esq.)

De 1492 ao século XVII, muitos geógrafos e exploradores especularam sobre a existência real da terra dos hiperbóreos no extremo Norte e muitos cartógrafos incluíam um continente polar em seus mapas.

O mapa de Johannes Ruysch, de 1508, mostrava quatro enormes ilhas no polo. Duas delas - a que ficava ao norte da Groenlândia e sua oposta - eram rotuladas Insula Deserta, a que ficava ao norte da Europa era a dos hiperbóreos e a quarta, ao norte da América, era chamada Aronphei. Chamou as águas entre as quatro ilhas de Mare Sugenum e descreveu um gigantesco redemoinho que sugava o mar para o interior da Terra. O mapa mostra também um anel de pequenas ilhas desabitadas, muito montanhosas, em torno das quatro maiores.

O mais influente desses mapas, do cartógrafo Gerardus Mercator, de 1607, mostra uma rocha "negra e altíssima" no pólo norte, no meio de um grande lago ou mar interior e rodeada por quatro grandes ilhas, separadas por "rios" de água salgada que correm do Oceano Ártico para o mar central, onde são sugados para o interior da Terra por um redemoinho. É dito que a corrente é tão forte que um navio que por eles seguisse não conseguiria voltar com a força das velas. Uma dessas ilhas, ao norte da América e Groenlândia, é descrita como de clima "salubérrimo". Em outra, ao norte da Escandinávia e Spitzbergen, são assinalados "pigmeus de até 4 pés (1,2 metro) de altura".

Inventio Fortunatae[]

Ruysch e Mercator basearam suas concepções em "Inventio Fortunatae ("Descobertas Afortunadas"), obra da década de 1360 atribuída a um franciscano de Oxford, possivelmente um certo "Hugo da Irlanda", que mais tarde foi perdida.

Na época de Mercator era conhecida por meio de um resumo de Jacobus Cnoyen ou Jakob van Knoyen, que também desapareceu. Hoje, restam delas apenas as citações contidas em uma carta de Mercator ao astrólogo e astrônomo inglês John Dee.

O franciscano supostamente estivera em várias ilhas do extremo norte com um astrolábio (com o qual registrara as latitudes) e fazia um relato de sua viagem ao rei da Inglaterra, Eduardo III, interessado em possibilidades comerciais na região, abandonada pela Noruega. O relato dá mesmo uma justificativa para a Inglaterra ocupar essas ilhas, afirmando que elas haviam sido originariamente conquistadas e colonizadas pelo rei Arthur, em 530 d.C.

Embora as descrições da Groenlândia e de algumas outras ilhas seja parcialmente realista, as terras que descreve ocupando oito a doze graus de latitude a partir do pólo (uma área da ordem de 4 milhões de km²) são obviamente produto de especulação.

O autor supunha que a rocha negra situada sobre o pólo geográfico, com 33 milhas alemãs de circunferência (cerca de 250 km, rodeando uma área de 5 mil km²), era toda feita de pedra magnética (magnetita) e seria a fonte da força que atrai as bússolas. Vale notar que Mercator, embora tenha mantido essa rocha em seu mapa, criou uma segunda rocha na localização real do pólo magnético, que à sua época se sabia situada menos ao norte (ele a localizou ao norte do que hoje chamamos Estreito de Bering).

Aparentemente, o autor do texto desaparecido considerou o pólo Norte como a entrada para o Inferno, localizado no centro da Terra. Os quatro fluxos de água seriam a contraparte dos quatro rios que nasciam do Paraíso, cujas águas deveriam ser recicladas em alguma outra parte.

Hiperbórea na Idade Moderna[]

Rudbeck

Olaus Rudbeck revela a Atlântida sob a Suécia

Em 1679, quando a concepção de Mercator já havia sido abandonada, o médico e erudito sueco Olavo Rudbeck, reitor da Universidade de Uppsala, publicou uma obra chamada Atlantica, com a qual pretendia provar que a Suécia era o berço da História e nada menos que a antiga Atlântida de Platão. A capital do lendário império estaria localizada exatamente sob Uppsala (veja Atlântida na Idade Moderna). Rudbeck argumentou que a rotação da Terra junto aos polos teria sido mais lenta e a atmosfera menos agitada, fazendo da região um lugar de eterna primavera. Por meio dessa ideia, ele identificou seus atlantes com os legendários hiperbóreos, vivendo em meio a seu dourado "Jardim das Hespérides" perto do Polo Norte.

Mais tarde, o astrônomo francês Jean-Sylvain Bailly, considerando tábuas astronômicas indianas que ele acreditava terem sido compiladas muito ao norte da Índia (paralelo 49º), lendas zoroastristas segundo as quais os ancestrais dos iranianos vinham do “pólo norte” e o mito grego dos hiperbóreos, concebeu uma pré-história segundo a qual a Atlântida situara-se no extremo norte quando o mundo era mais quente - no arquipélago norueguês de Spitzbergen ou, talvez, na Groenlândia ou em Nova Zemlya.

Ainda não se ouvira falar da fissão nuclear, dos processos de desintegração radioativa que, sabe-se hoje, mantém quente o interior da Terra (e muito menos do processo de fusão do hidrogênio que sustenta o calor do Sol). Os astrônomos pensavam que nosso planeta havia esfriado continuamente a partir da bola de lava que fora há não mais que algumas dezenas de milhares de anos. Segundo essa idéia, o mundo devia ter sido bem mais quente há alguns milênios e, dentro de alguns mais, estaria completamente congelado.

Por isso, especulou Bailly, à medida que o clima esfriou, os atlantes se mudaram para a Sibéria, entre os rios Obi e Yenisei e depois para o Altai, no paralelo 49 (onde hoje se encontram as fronteiras da Rússia, China, Mongólia e Cazaquistão), a partir do qual se espalharam para a Índia, a Pérsia e a Europa. Segundo Bailly, "é coisa muito notável que o esclarecimento pareça ter vindo do Norte, contra o preconceito comum que a terra foi esclarecida, como também povoada a partir do Sul..." Tenta então mostrar que, de acordo com todas as lendas e a sabedoria antiga, "quando a humanidade começou a se reconstituir depois do Dilúvio de Noé, o mais puro fluxo de civilização desceu do norte da Ásia para a Índia que hoje tem a evidência de possuir o sistema astronômico mais antigo da Terra." Segue afirmando que, na maioria das antigas mitologias, parece existir a "memória racial" de uma "origem racial" no Norte distante e, subseqüentemente, uma migração gradual para o Sul.

Desta concepção, surgiu a ideia de uma origem remota da humanidade e da civilização no Norte - ou, mais especificamente, da "raça branca" ou "ariana", identificada com "o mais puro fluxo de civilização" -, visto que os indianos se consideravam descendentes dos "arianos", que alguns europeus identificavam como os povos proto-indo-europeus de cujo idioma hipotético descendiam a maioria das modernas línguas indianas e européias.

Hiperbórea no ocultismo[]

As concepções de Rudbeck e Bailly seriam retomadas e desenvolvidas por várias vertentes do esoterismo. Entretanto, em boa parte da exploração mais direta do mito por correntes racistas e protonazistas, o nome dado à terra "ariana" do extremo norte foi Thule.

Tanto Helena Blavatsky e os discípulos da teosofia quanto Julius Evola deram à Hiperbórea um papel importante na origem da humanidade, mas suas concepções foram diferentes.

A Hiperbórea teosófica[]

Na versão teosófica, Hiperbórea ou Plaksha foi um continente desaparecido no qual se desenvolveu a "segunda raça-raiz", em um esquema evolutivo que compreende sete raças. Compreendia regiões em torno do círculo ártico, inclusive a Groenlândia, Spitzbergen, Nova Zemlya, a Escandinávia, Kamchatka e a atual baía de Baffin. Seu clima era estável e mesmo tropical, devido à posição do eixo da Terra, que mais tarde se desviou de sua posição original. Teria existido entre o período Carbonífero e o Permiano, períodos que na concepção teosófica teriam se dado há pouco mais de 30 milhões de anos (na verdade, o Carbonífero se deu de 359,2 milhões de anos a 299 milhões de anos antes de nossa era e o Permiano de 299 milhões a 245 milhões de anos atrás).

A "raça" que habitava Hiperbórea, porém, era constituída apenas de matéria etérea invisível. Segundo Annie Besant, era chamados Kimpurushas (nome de seres referidos no Mahabharata como meio-homens, meio-leões) e mostravam, durante a existência, dois tipos marcados, de acordo com a "dualidade característica da consciência búdica" que os dominava, relacionados a fogo e água, Sol e Lua.

O primeiro tipo era completamente assexuado e se multiplicava por expansão e brotamento, como a "primeira raça-raiz" que o havia precedido.

À medida que suas formas foram se tornando mais sólidas, cobertas com uma camada mais espessa de partículas terrosas, essa forma de reprodução tornou-se impossível e pequenos corpos passaram a ser "extrudados" a partir deles como gotas de suor. Viscosos e opalescentes, gradualmente endureciam, cresciam e tomavam várias formas. Nessa etapa, eles mostravam esboços dos dois sexos, sendo considerados andróginos latentes.

Dos germes dispersados pelos "humanos" dessa segunda raça, o reino dos mamíferos graduamente desenvolveu-se em toda a sua variedade de formas. Os animais "abaixo" dos mamíferos foram conformados pelos espíritos da natureza.

Sua cor (etérica, invisível à visão normal) era amarelo-dourado, às vezes chegando quase ao alaranjado, outras vezes amarelo-limão pálido. Seus corpos eram filamentosos e muito heterogêneos em forma, freqüentemente com aparência de árvores, às vezes de animais, outras vezes semi-humanos. Andavam à deriva, flutiavam, planavam e ascendiam, chorando um para os outros com sons de flauta, através de florestas tropicais, "cheias de trepadeiras florescentes de botões deslumbrantes", segundo Besant (mesmo se, na realidade, as flores surgiram muito depois do fim do Permiano).

No final de seu período, um novo continente, a Lemúria emergiu das águas ao sul de Hiperbórea, enquanto este continente afundava parcialmente e se fragmentava. Entretanto, a "segunda raça-raiz" teria continuado a existir até meados do período lemuriano, quando o eixo da Terra se inclinou, iniciaram-se os dias e noites de seis meses. Os que restava da Hiperbórea foi coberto de gelo e neve e os remanescentes da sua "raça" se extinguiram.

Julius Evola[]

Outra concepção dos hiperbóreos aparece com o ocultista italiano Julius Evola, em seu livro Revolta contra o Mundo Moderno (Rivolta contro il mondo moderno), de 1934.

Enquanto ocultistas tradicionalistas como René Guénon seguiam as concepções indianas que faziam da casta sacerdotal dos brâmanes os árbitros supremos, Evola pôs a casta guerreira dos kshatriyas no topo e lhes atribuiu uma religião diferente, uma tradição nórdica de adoração do Sol e valores masculinos, em oposição aos cultos femininos do Sul. A Idade de Ouro teria sido a dos guerreiros e do deus-Sol e a Idade de Prata, a dos sacerdotes e dos cultos da Lua e da Terra. O fenômeno físico da inclinação do eixo da Terra teria causado a mudança climática que provocou a mudança de uma época para a outra e essa "desordem da natureza" seria, por sua vez, reflexo de uma certa situação da ordem espiritual.

De qualquer forma, em certo momento o frio e a "noite eterna" desceram sobre a região polar - à qual Evola dá principalmente o nome de Hiperbórea - e a migração forçada inaugurou a segunda grande era, o Ciclo Atlante. Da "raça Boreal", partiram duas correntes migratórias, a primeira do norte para o sul e a segunda, posterior, de oeste para leste.

A primeira teria atingido a América do Norte e o norte da Eurásia. A segunda foi até a América Central, mas se estabeleceu principalmente na Atlântida. Formaram-se dois centros, um Boreal, referindo-se diretamente à luz do Norte e mantendo a orientação original polar e "uraniana" tanto quanto possível e outro Atlante, que foi transformado pelo contato com os poderes "demoníacos" do Sul, dos antigos lemurianos cujos descendentes sobreviviam nas raças "escuras". Seriam duas culturas, uma heroica, condicionada pelo clima duro, que celebrava o solstício de inverno. A outra, ctônica e "titanizada", com uma religião naturalista e panteísta, da promíscua fertilidade animal e vegetal.

Essas idéias parecem baseadas tanto em A Origem da Humanidade de Herman Wirth (leia detalhes em Atland) quanto na teosofia de Helena Blavatsky, que em seus escritos havia afirmado que "os atlantes gravitaram rumo ao Polo Sul, a cova, cosmicamente e terrestrialmente, de onde sompram as paixões quentes são sopradas em furacões pelo elementais cósmicos que ali têm sua morada. (...) Toda ação beneficente (astral e cósmica) vem do norte, toda influência letal vem do Polo Sul. Elas estão muito conectadas com as influências das magias da mão direita e esquerda".

Evola aspirou a ser o ideólogo do fascismo italiano, sem sucesso. Seus pontos de vista aristocráticos (descendia da pequena nobreza siciliana) colidiam com o populismo de Mussolini. Em 1930, atacou a concordata com o Vaticano que impôs o catolicismo como religião oficial (ele defendia um imperialismo pagão, inspirado na antiga Roma) e sua revista La Torre foi proibida. Mais tarde, reaproximou-se do regime e Mussolini elogiou seu livro Sintesi di dottrina della razza de 1941, na qual defendia, contra o racismo "biológico" da Alemanha, um racismo "espiritual" que via opunha o "espírito semítico" ao "espírito nórdico". Mesmo assim, Evola nunca teve influência real sobre o fascismo.

Referências[]

  • Junito de Souza Brandão, Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega. Petrópolis: Vozes, 2000
  • Chet Van Duzer, "The Mythic Geography of the Northern Polar Regions: Inventio fortunata and Buddhist Cosmology" [1]
  • Theoi: Land Hyperborea [2]
  • Gerry Forster, "From Mu To Thule And the Inner Earth: A Journey Into the Theoretical Past" [3]
  • Annie Besant, The Pedigree of Man [4]

Veja também[]

Thule

Atland

Lemúria teosófica

Frislândia

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