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O Sonho de Erzulie Dantor, de Célestine Faustin

Loás ou luás (lwa em kreyol haitiano, derivado do francês loi, "lei") são os espíritos cultuados pela religião haitiana do vodu, também chamados mystè ("mistérios"), anvizib ("invisíveis") e zanj ("anjos"). Supõe-se que esses espíritos habitam um mundo místico chamado Guiné ou Ginen, uma África mítica. O Deus cristão, chamado no vodu de Bondjê, Bondye (Bon Dieu, "Bom Deus") ou Gran Met (Grand Maître, "Grão-Mestre"), é considerado criador tanto do Universo quanto dos loás. Estes foram feitos por Deus para ajudá-lo a governar a humanidade e o mundo natural.

Os loás são invocados pelos houngans (sacerdotes), mambos (sacerdotisas) e bokors (feiticeiros) para tomar parte em seus serviços, receber oferendas e atender a pedidos dentro do chamado peristilo (espaço ritual ou terreiro), possuindo os corpos de seus "cavalos". Além desses loás associados à liturgia e à coletividade, há também os djab ("diabos") que são associados a indivíduos específicos e servem à fetiçaria.

Existem várias famílias de loás, correspondentes a diferentes ritos ou nachons ("nações") do vodu, das quais as principais são:

  • Radá - formada pelos loás mais antigos, derivados diretamente de voduns africanos, mais próximos da natureza e considerados mais benévolos. Sua cor genérica é o branco, ao lado das cores específicas de cada loá. O nome do rito parece ser corruptela de "Aladá", nome de um dos reinos do antigo Benin e do porto pelo qual eram exportados os escravos jeje (ewe-fon) para as Américas.
  • Nagô - formada pelos loás derivados de orixás iorubás, todos chamados de "Ogou" (Ogum) no Haiti. Seu ritual continua o dos radás, mas têm um caráter mais militar e belicoso e suas cores são azul e vermelho (as cores nacionais do Haiti).
  • Guedê - formados pelos espíritos dos mortos, ou guedês. São tradicionalmente liderados pelos Barons - Baron Samedi, Baron La Croix, Baron Cimitière e Baron Kriminel são os mais conhecidos - e pela Maman Brigitte. São barulhentos, rudes, obscenos e brincalhões. Suas cores tradicionais são preto e roxo.
  • Petrô (Petwo, na pronúncia kreyol), Kongo ou Congo - são loás mais impetuosos. São considerados ferozes, protetores, mágicos e agressivos contra adversários e sua cor genérica é o vermelho. Alguns parecem ter origem bantu (Congo), mas muitos são criações locais. Tendem a exprimir conceitos e pressões sociais, mais do que as forças da natureza. O nome é uma corruptela do nome espanhol ou português Pedro, comum em escravos trazidos do Congo e alude a um certo Don Pedro ou Don Petrô, um houngan importante no Haiti colonial, vindo de uma colônia espanhola, que teria criado ou introduzido esse ritual e posteriormente foi canonizado como loá. Por suas conotações subversivas, esse rito foi proibido no final do período colonial, mas atribui-se a seus sacerdotes e loás um papel de destaque na revolução haitiana que acabou por resultar na expulsão dos franceses.

O cerimonial começa por invocar os loás Radá, na seguinte ordem: Legba, Marassa, Loco, Aizan, Damballah e sua esposa Aida Wedo, Sobo, Badessy, Agassou, Silibo, Agwe e sua esposa La Sirène, Erzulie Freda, Bossu, Agarou, Azaka. Depois, é chamado o grupo dos loás nagôs ou ogous (Ogou St. Jacques, Ossange, Ogou Badagris, Ogou Feraille, Ogou Fer, Ogou Chango, Ogou Balindjo, Ogou Balizage, Ogou Djamsan). Nessa parte do ritual, o ritmo é tocado com baquetas nos tanbou kon, tambores nos quais o couro é esticado com cavilhas de madeira. A pele do tambor maior, o maman, é de pele de vaca, o outro de couro de cabra. Esta parte da cerimônia é disciplinada, concentrada, concentrated, majestosa e cerebral.

Em seguida são invocados os guedês, incluindo os Barons e as Brigittes, sem ordem definida. Esta parte da cerimônia é obsceno e lascivo e proporciona um alívio cômico após o esforço intenso da parte Radá da cerimônia. Os Barons e Brigittes são também místicos e podem profetizar no meio dos passos de dança mais lascivos.

Por fim, são chamadosos loás Petrô, na seguinte ordem: Legba Petro, Marassa Petro, Wawangol, Ibo, Senegal, Kongo, Kaplaou, Kanga, Takya, Zoklimo, Simbi Dlo, Gran Simba, Carrefour, Cimitière, Gran Bwa, Kongo Savanne, Erzulie Dantor (também chamada Erzulie Zye-Wouj), Marinette, Don Petrô, Ti-Jean Petro, Gros Point, Simbi Andezo e Simbi Makaya. Os ritmos são batidos em tanbou fey, tambores nos quais um aro de corta estica o couro, exclusivamente de cabra, na cabeça de tambor, que só pode ser batido com as mãos. Esta parte da cerimônia é fogosa, acelerada e excitante.

Referências[]

  • Encyclopedia Britannica
  • Wikipedia (em inglês): Loa [1]
  • Vodou Lesson 3: The Lwa [2]
  • Voudoun Loa [3]

Veja também[]

Voduns

Orixás

Bonsus

Inquices

Guedês

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