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Nyphaeum

Nymphaeum, de William Bouguereau (1878)

Naias

Náiade do Eufrates, mosaico romano conservado no museu de Gaziantep, Turquia

As ninfas (νύμφης, nýmphês, em grego, nymphae em latim, nymphs em inglês, nymphes em francês), são divindades femininas secundárias da mitologia grega que habitam o campo, principalmente junto às fontes e estão ligadas à terra e à água. Nymphe significa também "moça", "mulher jovem", em grego e parece estar etimologicamente ligado ao verbo latino nubere, "casar-se" (em relação à mulher), a núpcias e ao adjetivo núbil.

Segundo Junito Brandão [1], as ninfas podem ser consideradas uma extensão da Terra-Mãe em união com a água. Desses dois elementos, surge a força geradora que preside à reprodução e à fecundidade da natureza tanto animal quanto vegetal. Desse modo, as ninfas seriam a própria Géia em suas múltiplas facetas.

As ninfas não são imortais, mas vivem tanto quanto "uma palmeira", ou seja, 9.720 anos, segundo a crença grega, e jamais envelhecem. Geralmente são benfazejas e têm os dons de profetizar e inspirar, de curar (como ninfas de fontes medicinais) e nutrir (como amas e nutrizes dos grandes deuses enquanto crianças e mães de heróis). Porém, ocasionalmente raptam crianças e podem perturbar o espírito de quem as vê. Sua hora perigosa é o meio-dia, momento de sua hierofania. Quem as vir, pode tornar-se presa de um entusiasmo ninfoléptico. É aconselhável, por isso, não se aproximar, ao meio-dia, de fontes, nascentes e da sombra de determinadas árvores.

O lado positivo do entusiasmo ninfoléptico é a inspiração divina, indispensável aos oráculos e aos poetas. As mais famosas inspiradoras são as ninfas das fontes do monte Helicon, as musas. Algumas ninfas de fontes e montanhas sagradas eram profetas ou conferiam o dom da profecia, como Dáfnis (oréade do monte Parnaso que inspirou o oráculo de Delfos antes de Apolo tomar-lhe o posto), Érato (dríade da Arcádia que era profetisa de Pã), Ocírroe (do monte Pélion), Sose (oréade da Arcádia), Tímbris (mãe de Pã) e as Trias (do monte Parnaso, ninfas dos auspícios e da adivinhação com pedrinhas).

O mesmo papel de inspiradoras é dado a entidades análogas às ninfas em algumas outras mitologias, como as apsaras da mitologia indiana, as gwragedd annwn da mitologia celta e as camenas da mitologia latina (mais tarde identificadas pelos romanos como ninfas ou musas), das quais as mais famosas foram Carmenta e Egéria (esposa do rei Numa Pompílio).

Belas, graciosas e sempre jovens, as ninfas foram amadas por muitos deuses, como Zeus, Apolo, Dioniso e Hermes. Quando se apaixonavam por um mortal, podem raptá-lo, como aconteceu com Hilas; fundir-se com ele, como Salmácis com Hermafrodito, ou se autodestruirem, como Eco por amor a Narciso.

Ninfeus[]

Templeinterior

Interior do ninfeu de Coventina, Carrawburgh

Chamavam-se ninfeus aos monumentos, principalmente fontes, consagrados às ninfas. Originalmente, esses monumentos foram grutas naturais, consideradas tradicionalmente como lar da ninfa local. Alguns ninfeus estava dispostos de maneira a servir ao abastecimento d'água, como a de Side, na Panfília. Um ninfeu decidado à náiade local, Coventina, foi construído junto à muralha de Adriano na Escócia, extremo norte de Imperio Romano. Os sacrifícios oferecidos às ninfas geralmente incluíam cabritos, cordeiros, leite e azeite, mas nunca vinho.

Significados associados[]

Como encarnação da fecundidade, as ninfas muitas vezes aparecem na mitologia em aventuras sexuais com humanos, deuses e sátiros e esses episódios foram o pretexto favorito de pintores vitorianos e de outros períodos conservadores para retratar cenas eróticas, o que fez delas símbolos de sexualidade feminina. Daí a formação de palavras como "ninfomania" (desejo sexual anormalmente forte nas mulheres) e "ninfeta" (adolescente excitante ou lasciva).

Na biologia, chamam-se de "ninfas" os insetos em uma fase de desenvolvimento ativa intermediária entre o estádio "infantil" de larva e a fase adulta, chamada também de imago (já os insetos que ficam inativos, são chamados "pupas" nessa fase). O termo técnico alude, nesse caso, à conotação de "jovem" ou "adolescente" da palavra, mas as ninfas aquáticas, como as dos mosquitos, são chamadas também de náiades.

Na classificação da flora brasileira elaborada, em 1824, pelo botânico alemão Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), a primeira feita para o Brasil, foram reconhecidas cinco províncias ou domínios florísticos, que receberam os nomes de ninfas gregas e correspondem, de modo geral, às regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste: as Náiades, ninfas das águas, deram nome à Amazônia; as Oréades, ninfas dos montes, aos Cerrados; as Dríades, ninfas das florestas, à Mata Atlântica; as Napéias, ninfas dos vales e prados, aos Campos Sulinos; e as Hamadríades, ninfas que morrem e ressurgem com as árvores que lhe servem de moradia, nomeiam a Caatinga, cuja vegetação ressurge após as chuvas.

Classificação das Ninfas[]

Nymph with morning glory flowers

Ninfa com campainhas, de Jules Joseph Lefebvre (1836-1911)

Leighton37

A Ninfa do Rio, de Frederic Lord Leighton (1830-1896)

Há tipos ou classes de ninfas conforme os diferentes aspectos da natureza aos quais estão associadas:

Epígias - Ninfas da terra:

Hidríades - Ninfas da água:

Astérias ou Urânias - Ninfas do céu e das estrelas

  • Hespérides - do poente e da árvore dos pomos de ouro
  • Híades - da chuva e das estrelas Híades
  • Plêiades - da navegação e das estrelas Plêiades

Ninfas acompanhantes de deuses

Veja também[]

Dama do Lago

Elfos

Gwragedd Annwn

Janas

Ondinas

Notas[]

  1. Junito de Souza Brandão, Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega, Vozes, Petrópolis 2000.
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