Fantastipedia
Advertisement

Na mitologia grega da época de Homero e possivelmente também entre os micênicos, Péon (do grego Παιών, Paiôn), Peéon (do grego Παιήων, Paiêôn), ou Peã (do grego Παιάν, Paián) era o médico dos deuses olímpicos, que os curava quando eram feridos em batalha.

Etimologia[]

Παιάν, Paián, Peã é uma redução da forma Παιάϝων, Paiáwôn, como atesta o dativo micênico pajawone. Não se conhece a etimologia deste vocábulo, originariamente empregado como apelativo de uma divindade, embora Schwyzer procure relacioná-lo com o verbo paíein, "ferir", porque "com um golpe mágico, curava as doenças". Pisani opta pelo verpo paúein, "acalmar, suprimir, fazer cessar" as enfermidades. Segundo Chartraine, é bem possível que o teônimo seja um termo de substrato ou empréstimo.

Mitos[]

  • Na Ilíada, Péon cura ferimentos de Ares e é tratado como uma entidade claramente diferente de Apolo, que luta ao lado dos troianos, cura apenas humanos como Glauco, nunca deuses.
Ares, primeiro, inclinado por cima do jugo e das rédeas, a lança brônzea jogou, desejando da vida privá-lo. Palas Atena, porém, de olhos glaucos, com a mão a desvia, de forma que ela, frustrânea, passou por debaixo do carro. Foi o segundo a atirar a sua lança de bronze o guerreiro de voz possante, Diomedes a qual, por Atena guiada, no baixo ventre foi dar de Ares forte, onde o cinto o apertava. Nesse lugar o feriu, tendo a pele macia rasgado. Palas, de novo, a arma extrai; Ares brônzeo soltou tão grande urro como o alarido que soem fazer nove ou dez mil guerreiros, de uma só vez, quando se acham travados em dura batalha. Amedrontados, tremeram os homens aquivos e teucros, tão formidável o grito do deus insaciável da guerra. Tal como fica todo o ar, recoberto por nuvens escuras, quando o excessivo calor faz soprar algum vento impetuoso: tal ao Tidida Diomedes o vulto do deus Ares brônzeo apareceu, ao subir para o céu, pelas nuvens envolto.
Rapidamente à morada dos deuses chegou no alto Olimpo, indo sentar-se, de par com Zeus grande agastado no espírito, a quem o sangue imortal, que manava da chaga, revela. Rompe, depois, em queixumes, dizendo as palavras aladas:
- Indignação não te causa, Zeus pai, assistir tanto abuso? Por comprazer os mortais, os eternos estamos sujeitos a indescritíveis tormentos, que a mútua discórdia nos causa. De tudo a culpa tens tu, pois geraste uma filha funesta e destituída de senso, a quem ímpias ações só comprazem. Todos os deuses eternos, que moram no Olimpo vastíssimo, te obedecemos, de grado, e acatamos, submissos, tuas ordens. A ela, somente, nenhuma censura ou castigo incomoda, se é que não serves de estímulo à peste por ti concebida. Neste momento acabou de excitar contra os deuses eternos a esse insensato, Diomedes, que vem de Tideu valoroso. Primeiramente, achegando-se à Cípria, feriu-a no carpo; logo depois contra mim se atirou, qual se fosse um demônio. Se não me houvessem livrado meus rápidos pés, certamente por muito tempo ficara a sofrer entre as rimas de mortos, ou, vivo embora, sem ânimo, aos golpes da lança de bronze".
Com torvo aspecto lhe disse Zeus grande, que as nuvens cumula:
- Cessa, leviano; não venhas, de novo, com tuas lamúrias. Tu és, entre todos os deuses, aquele a quem mais ódio tenho. Sempre encontraste prazer em combates, contendas e lutas. De tua mãe, por sem dúvida, o gênio indomável herdaste e insuportável, que a minhas palavras a custo obedece. De seus conselhos, presumo, teus males origem tiveram. Mas, ainda assim, não desejo que sofras por tempo mais longo; és de meu sangue também; tua mãe te gerou de mim próprio. Se, tal como és, tão nefasto, tivesses por pais outros deuses, há muito, sim, te encontraras mais baixo que os filhos de Urano.
Manda que Péon, então, sem demora, ali mesmo, o curasse. Péon, logo, deitou sobre a chaga eficaz lenitivo, que o fez sarar, pois, de fato, não era de estirpe terrena. Como o queijeiro, que o leite, antes líquido, faz que coagule em pouco tempo, agitando-o, depois de lançar nele o coágulo, Ares violento, desta arte, depressa curado encontrou-se.
  • Ao consolar Afrodite, também ferida em batalha, Dione lhe conta que Péon havia curado também Hades:
- Ainda que muito te aflija, querida, suporta paciente. Que de aflições indizíveis, os deuses, por causa dos homens, já suportamos, causando uns aos outros trabalhos sem conta! Ares, também, já sofreu, quando foi em possantes cadeias acorrentado por Oto e Efialtes, de Aloeu descendentes. Por treze meses esteve metido num cárcere brônzeo. E, porventura, perdera a existência o insaciável guerreiro, se Peribeia, a formosa, madrasta dos dois, a ocorrência a Hermes houvesse ocultado. Este, a furto livrar ainda pôde a Ares exânime quase, que assaz as prisões o abatiam. Hera, também, já sofreu quando o herói Anfitriônio no seio destro a feriu com uma seta dotada de três farpas ásperas. Dor insofrível teve ela de, então, padecer, em verdade. Hades, o monstro, também, sofreu muito, em virtude de um dardo por esse mesmo homem forte atirado, de Zeus descendente [Héracles], no próprio sólio dos mortos, causando-lhe dor infinita. O coração angustiado, com dor indizível, foi ele para o palácio de Zeus, no vastíssimo Olimpo. Encravara-se-lhe no ombro possante o fautor do sofrer que lhe o peito excruciava. Péon, logo, deitou eficaz lenitivo na chaga, que o fez sarar pois, de fato, não era de estirpe terrena.
  • Na Odisseia, os egípcios são chamados "parentes de Péon" porque todos, nesse país, seriam peritos em medicina e farmacologia.
  • Em um fragmento atribuído a Hesíodo, Peón e Apolo são mais uma vez tratados como entidades independentes: Se nem Febo Apolo nos salva da morte, nem Peã que conhece remédios para tudo.

Péon no Periodo Clássico[]

No período clássico, Péon tornou-se simples epíteto ritual de Apolo enquanto deus que prodigaliza a cura, ou um hino de agradecimento sobretudo à mesma divindade, pela saúde obtida. O deus foi suplantado, em suas funções, por Apolo e Asclépio.

Peón foi também o nome de dois heróis. Um, filho de Endímion e irmão de Etolo, Epeu e Eurídice (ou, segundo o pseudo-Higino, filho de Posídon e de Hete), é o epônimo dos peônios. O segundo, filho de Antíloco e neto de Nestor, foi expulso do Peloponeso com os filhos quando do retorno dos Heraclidas. Juntando-se aos primos, filhos de Neleu, emigrou para a Ática. Dele procedia a família ateniense dos peônidas.

Referências[]

  • Junito de Souza Brandão, Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega. Petrópolis: Vozes, 2000.
  • Theoi: Paeon [1]
Advertisement