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PaiJose

Preto-velho Pai José

Esbocotiamaria

Preta-velha Tia Maria

Na Umbanda, os pretos-velhos e pretas-velhas são figuras ligadas às casas e à família. Representam o antigo escravo, domesticado, humilde e dócil, conselheiro e amigo, extremamente ligado aos laços de compadrio típico das relações brasileiras. Ao contrário da independência dos caboclos, o preto-velho é dependente do branco.

De todas as classes de entidades da umbanda, o preto-velho é provavelmente o de maior reconhecimento público. Ele é sábio, paciente, tolerante, carinhoso. Já o caboclo é o valente, o selvagem (o índio) antes de tudo, destemido, intrépido, ameaçador, sério, e muito competente nas artes das curas. O preto-velho consola e sugere, o caboclo ordena e determina. O preto-velho acalma, o caboclo arrebata. O preto-velho contempla, reflete, assente, recolhe-se na imobilidade de sua velhice e de seu passado de trabalho escravo; o caboclo mexe-se, intriga, canta e dança, e dança e dança como o guerreiro livre que um dia foi. Os caboclos fumam charuto e os preto-velhos, cachimbo; todas as entidades da umbanda fumam — a fumaça e seu uso ritual marcando a herança indígena da umbanda, aliança constitutiva com o passado do solo brasileiro.

Na sistematização de Matta e Silva, dos anos 50, os pretos-velhos são agrupados na Linha de Yorimá, orixá que não existe em nenhuma tradição africana. Outras correntes umbandistas falam em Linha dos Pretos-Velhos, Linha dos Africanos, Linha de São Cipriano, Linha dos Cacarucaios, Linha das Almas ou Linha de Omolu.

Supõe-se, geralmente, que são espíritos de velhos africanos que, na maioria, viveram nas senzalas como escravos e morreram no tronco ou de velhice, adquirindo sabedoria e fé para suportar as amarguras da vida. Costumam contar histórias do tempo do cativeiro, mostram-se sábios, ternos e pacientes e dão o amor, fé e esperança aos "seus filhos". Sentam em um banquinho, fumam cachimbo, benzem com um ramo de arruda, rezando seu terço e aspergem água "fluidificada". Suas baforadas supostamente limpam e harmonizam as vibrações de seus mediuns e de consulentes.

Referências[]

  • Alessandro Luis Lopes de Lima, "Exu: Uma divindade africana no Brasil", (Monografia de conclusão de curso em Ciências Sociais - Unesp - Araraquara) [1]
  • Reginaldo Prandi, "Pombagira e as faces inconfessas do Brasil" [2]
  • Woodrow Wilson da Matta e Silva, Mistérios e Práticas da Lei de Umbanda, Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1981
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