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Yasiyatere

Yasi Yateré, de Marcos Osacar (2008)

O Yasi Yateré ou Yasiyateré é um personagem da mitologia de descendentes de guaranis, conhecido no Paraguai e nas comunidades de Misiones e Corrientes, Argentina.

É descrito como um anão loiro e barbudo, nu, usando chapéu de palha e um bastão de ouro, que emite o assobio característico da ave do mesmo nome, o yasiyateré, mais conhecido no Brasil como peixe-frito.

Misiones

Na cidade de Posadas (Misiones), existiu um programa de rádio na hora da siesta que transmitia um chamané que se denominava a la hora del Yasi Yateré. Apresenta-se com cabeleira loira, talvez originariamente prateada (o mito que encarna a lua: Yasi ou Jaci). É apresentado assim: anda nu, com um grande chapéu de palha. Vive na floresta, nos ocos de troncos de árvores, protege os pássaros, anda sem fazer ruído. Tem um assobio característico. O seu assobio é o mesmo de um pássaro que vive no interior da floresta. Não tem amizade com os homens. Persegue meninos travessos, rapta-os para castigá-los e abandona-os na floresta, namora donzelas.

Felix Coluccio em seu dicionário diz:

Yasi Yateré. Enano rubio y barbudo que recorre el campo desnudo, con un sombrero de paja en la cabeza , y en la mano un bastón de oro que jamás abandona, por ser el arma que le permite hacerse invisible y disponer de otros poderes sobrenaturales. Se dice que en la parte superior se halla el silbato que produce el estremecedor llamado que advierte a su presencia.... (COLUCCIO, 1950, P.690)

O professor Samurio, que trabalha no Bachillerato Común nº 1 San Antonio, Misiones, Argentina, conta que quando tinha 15 anos trabalhava num cinema na cidade de Oberá. Como as sessões terminavam tarde, e ele tinha que sair sozinho para chegar em casa, tinha que caminhar num trecho sem iluminação. Todas as noites ouvia um assobio característico do Yasi Yateré. No início não sabia o que era. Contou para sua mãe, que era descendente de índios guaranis, ela contou-lhe que era ele,o Yasi Yateré, e que não tivesse medo, pois ele estava protegendo-o.

Narrou também que uma vez fizeram uma viagem ao Paraguai para visitar seus parentes, todos de origem guarani, Numa noite muito quente, como era costume da comunidade, colocaram as camas no pátio. Altas horas da noite, ouviu-se um assobio: o do Yasi Yateré. Ninguém falou nada, mas todos carregaram as camas para a casa, pois não se podia contradizê-lo. E ele estava irritado. Disse também que não se pode imitar o assobio dele,pois ele se irrita e castiga.

Contou que certa havia chegado um professor novo na região de San Antonio, mais precisamente na escola do Pesado. Os alunos contaram a lenda do Yasi Yateré e o que se devia fazer quando ele se manifestava. Ele riu e disse que não acreditava e que ia desafiá-lo. Depois de alguns dias o professor foi embora, totalmente louco. As pessoas acreditam que foram artes do Yasi Yateré. É um personagem que tem um humor nem sempre bom,por isso não vale a pena desafiá-lo.[1]

Paraguai

Perto do arroio de Itaquiri, na jurisdição dos ervais de Tacuru-Pucu, Juan B. Ambrosetti recolheu a lenda de Yasy Yateré. Afirma que é difundida na província de Corrientes e no Paraguai. Yasy Yateré toma a forma de pássaro e rouba crianças e moças bonitas. Os filhos dessas uniões são também yasys yaterés.

Segundo Ernesto Morales (Leyendas guaranies), as gentes campesinas do litoral argentino crêem também nesse mito.[2]

Referências

  1. Guilherme Blick, "Uma pesquisa sobre o imagináro da fronteira: mitos na região de Santo Antonio do sudoeste (Brasil) e San Antonio (Argentina)" em Proceedings of the 2. Congresso Brasileiro de Hispanistas, 2002, São Paulo (SP) [1]
  2. Ruth Guimarães, "Yacy taperê, diabo menor", Província de São Pedro. Porto Alegre, Livraria do Globo, nº 6, 1947, p.39-41[2]

Ver também

Matinta-pereira

Saci

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